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Pais pedem na justiça o direito de deixar a filha morrer

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Sandra Cristina | Correspondente na Espanha

O caso de Andrea é o primeiro na Espanha como "morte digna" | Foto: Meramente ilustrativa/Reprodução http://compauta.com.br/

O caso de Andrea é o primeiro na Espanha como “morte digna” | Foto: Meramente ilustrativa/Reprodução http://compauta.com.br/

Esta semana a notícia de destaque em todos os jornais da Espanha e parte da Europa, é a respeito da menor de 12 anos, Andrea Lago, uma menina que padece de uma enfermidade rara, degenerativa, sem cura, e que está internada há 4 meses em um hospital de Santigo de Compostela.

Os pais da menor solicitaram à justiça para que a alimentação artificial, através de uma gastrotosmia, uma técnica em que a alimentação vai diretamente ao estômago através de um tubo, seja cortada. A solicitação foi aceita pela justiça compostelana e a partir de hoje será cumprida a vontade dos pais, que alegam “não querer ver mais sofrer a pequena Andrea”.

Os médicos em bioética sustentam que a medida de retirar a alimentação artificial e sedar é uma boa prática clínica. Estão amparados pelo código deontológico e na lei conhecida como “morte digna” que entrou em vigor no mês de agosto passado.

Os pais alegam que a menina sente dores e que seu final é irreversível enquanto que o Ministério da Saúde admite que não se pode pedir a eutanásia ativa, já que não é legalizada na Espanha.

Na segunda-feira (5), os pais de Andrea estiveram perante o Juiz quando foi decidido a retirada da alimentação artificial de Andrea. Já o hospital informou que a hidratação não será retirada para que a paciente possa receber a sedação por esta via.

A Federação Episcopal se posiciona contra essa medida alegando que só Deus pode retirar uma vida, mas que, conforme outras entidades religiosas e médicas, respeitam a decisão dos pais. Já os partidos políticos começam a abrir debates sobre a eutanásia na Espanha enquanto que a saúde pública abre debates sobre o tema, propondo uma abertura urgente sobre eutanásia.

O Doutor Antonio Justicia, pediatra de Andrea, será o médico responsável pelo processo de cedação da paciente e comunicou aos pais de Andrea, a decisão em mantê-la hidratada e sedada. Nessa ocasião, tanto os pais de Andrea como seus advogados, agradeceram ao especialista pelo apoio e aproveitando o sobrenome do médico em questão, o apelidaram de “Doutor Justiça” neste caso.

Segundo “Doutor justiça”, o desenlace de Andrea pode se dar em dias ou pouco mais de um mês, já que o plano de hidratação terapêutico adotado implica em administrar “doses mínimas de hidratação, apenas o suficiente para que a medicação atue, dado que o organismo necessita de algo de hidratação para metabolizar os medicamentos”. Ainda esclareceu o pediatra que “a partir de agora será a única fonte de alimentação que Andrea receberá, a hidratação mínima para que os remédios, considerados fortes, possam fazer efeito”.

O caso de Andrea surge como o primeiro na Espanha como caso de “morte digna” a uma menor de idade que chega até a justiça e que essa dê parecer favorável aos desejos da família.