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Palavreado Barreirense

O contador Delsuc Mármori

Clerbet Luiz, mais uma vez premia o leitor do Falabarreiras com um belíssimo poema em homenagem a uma das figuras mais ilustres do Oeste Baiano…

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O contador Delsuc Mármori

Imagem destaque: Deulsuc Mármori | Foto: Arquivo Familiar

Se eu rimar
o nome Delsuc
com ki-suco,
não vira rima
nem solução;
o nome Delsuc
rima na
ponta do bico
da caneta Bic,
que te escreve,
Delsuc.

Quem conta causo
não é contador
contábil.
Quem é hábil
em contabilidade,
não conta causo
(se conta,
é uma raridade).

Quem é hábil
em contabilidade,
conta
em algarismo
arábico.

E quem sabe
contar causo
sem fazer
questão nem caso;

quem conta
um causo
com descaso
contábil;
quem sabe
dizer o nome
de quem disso
é hábil?

Quem sabe
dizer esse nome,
quem sabe?

Quem diabo
é que vai
querer saber
de coisa
que nao lhe cabe?

Que diacho
de contabilidade,
com entrada
e saída,
que não bate.

Delsuc,
por favor,
não me explique
em grego ou aramaico.
Vamos falar
de você mesmo?
do seu sobrenome
Mármori?

Você que
mora no centro,
e é um privilégio
morar perto do
fórum;
você que não tem
foro privilegiado
de deputado,

te remeto agora
pra primeira
instância,
pra primeira
Infância.

Pára com
essa ânsia
de estalar os dedos
e morder
os lábios;
pára com isso
de achar
que o ontem
tem distância.

Você
é quem sabe
contar
os causos
de outrora,
com
elegância.

Quem somos
nós
pra te julgar
no flagra
de sua
flagrância?

Te remeto
pra primeira
estrofe,
instância
que me compete,
sem erguer
o topete;

te remeto
pro meu
juízo de primeiro
grau.

Conte-me
causos de um cais
sem caos;

não arroles
testemunhas;
quero ouvir
de sua
própria voz;
ler o escrito
do próprio punho;

Hoje o poeta
é o seu
algoz;
quero depoimento
de cunho
cômico;
de coisas
do arco-da-velha,

aliás,
quero causos
do arco da
sua sobrancelha,
que é mais jovem
que a velha;

que é
mais velha
que pé de serra,
que pode ser
a serra
da Bandeira,
que cerca
a cidade
Barreiras.

II

Os olhos miúdos
do antigo menino
tem o brilho
e sorriso
de Kolynos;

os dentes que
que mordem
os lábios
no conto de
um causo
tem um branco
de Kolynos;

o mesmo menino
que brinca
com o
engraxate;
que conta
uma graça
sem deboche
abre
um sorriso
de Kolynos,
não de Colgate,
sorrindo agora
pro engraxate;

o branco
do sorriso
brilhando
na negra graxa
do seu sapato
engraxado.
graxa sem
graça;

gracejo que grassa
pelas vidraças
e vitrines
da avenida
Benedita,
quando ele
passa
deixando um
rastro
de alegria
não contida.

Quem disse
que seu
sorriso
era de
Kolynos
e não Colgate?

Ah porque
herdou
do pai,
de apelido
Kolynos,
o riso
desde menino,
indo até
rapaz;

dentifrício
fresquinho
que lhe
traz
muita paz.

III

Contador
de causo
encantável
que o sabe
separar
do seu cálculo
contábil;

contador
de alegria
incontável,
contada
sem número,
em diversas
prosas
e casas.

De um
equilibrista,
ele tem
o hábil jeito
de colocar
do lado direito
seus casos,
e, do lado
esquerdo,
o fato contábil.

É possível
que Delsuc,
com seu
humor
que alavanca,
é capaz
de arrancar
um sorriso
de uma
carranca.

Mesmo que
Delsuc fique
um pouco sério,
ele não nos
tira do sério:
nos deixa mais
serenos;

Delsuc lembra
dos causos
com o lado esquerdo
do cérebro;
e o mês doze,
que é dezembro,
ele lembra
com o outro
lado do hemisfério.

portanto
ou alegre
ou mesmo sério,
Delsuc não
nos tira
do sério:

nos coloca
no sereno,
onde é mais
alegre o
orvalho,
e a alma
nao fica
pequena,
onde a
pilhéria
é mais clara
ao ouvido
de Niquena.

Delsuc
nos transporta
do norte para o sul:
ele nos tira
do sério:
do pólo norte
pro hemisfério
mais quente,
onde o povo
do oeste sente.

Delsuc expulsa
qualquer
carapuça;
faz-nos rir tanto
que chega a
mostrar
os dentes
do siso
quem a pouco
estava sisudo;

por isso
não se iluda:
Delsuc tira
do sério
quem se quis
meio sisudo;

Comparo
sua prosa
rica e suntuosa
com uma obra
faraônica;
prosa dos
faraós
debaixo
das pirâmides.

Por isso,
ele preserva
seu humor
e alumia
o presente
com o passado
de uma
múmia.

Por isso
ele vai
afiando
suas palavras
dos causos
nas
lâminas
que ele põe
debaixo das
pirâmides;

se se distrai
e corta o dedo,
diz: “ops!,
esta é mesma
a pirâmide
de Quéops”

Assoviozinho
leve
nos lábios
igual pássaro
pintassilgo;
o alpiste
de Delsuc
é seu regozijo
com a sua
graça.

Bem,
vou deixar
você
assoviando
Asa Branca,
e, pra não
atrapalhar,
deixo
a próxima
página
em branco.

Clerbet Luiz

Palavreado Barreirense

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