Startups de Barreiras vão brilhar no Web Summit

Tiago Escobar e Lívia Just, inovadores de Barreiras, sendo entrevistados por Osmar Ribeiro do Falabarreiras, discutem suas startups promissoras em streaming e educação financeira antes de sua participação no Web Summit Rio | Foto: Maria Antônia/Falabarreiras

Startups focadas em streaming e aplicativos de educação financeira infantojuvenil foram escolhidas para exibir seus produtos e serviços em um prestigiado evento internacional, agendado para ocorrer de 15 a 18 de abril, na cidade do Rio de Janeiro.

Barreiras destaca-se por sua grandeza, sucesso e reputação como a melhor cidade para se viver no Oeste da Bahia, além de figurar entre as mais excelentes em todo o Estado. Com uma economia diversificada, abrangendo desde o setor agrícola e a construção civil, Barreiras agora se lança ao cenário tecnológico com grande estilo. Representada no Web Summit Rio por duas startups inovadoras – uma no segmento de streaming e outra desenvolvendo um jogo focado em educação financeira –, a cidade prova sua capacidade de inovar e liderar no mercado tecnológico. Essas empresas de ponta, representadas por Tiago Escobar e Lívia Just, prometem revolucionar suas respectivas áreas, posicionando Barreiras na linha de frente da inovação tecnológica. Barreiras, portanto, transcende sua forte identidade agrícola e de construção civil para se afirmar como um centro de excelência tecnológica.

O prestigiado Web Summit Rio está marcado para 15 de abril, na cidade do Rio de Janeiro. Mas como Barreiras se posiciona nesse cenário de inovação? O Falabarreiras, principal portal de notícias do Oeste Baiano, reconhecendo a magnitude desse evento, realizou entrevistas exclusivas com os empresários visionários que levarão o nome da Capital do Oeste ao que é descrito pelo jornal O Globo como “o maior evento de tecnologia do mundo”. Este encontro global promete reunir mais de 30 mil participantes, destacando a importância e a influência da tecnologia no cenário atual.

Confira a entrevista a seguir:

Falabarreiras – Thiago e Lívia, poderiam nos apresentar suas startups e explicar o processo de seleção que os levou a serem escolhidos para o Web Summit Rio?

Thiago – Nossas iniciativas incluem uma startup de streaming e um aplicativo de educação financeira voltado ao público infantojuvenil, com uma abordagem lúdica de game. O processo de seleção para o Web Summit Rio envolveu uma entrevista detalhada, realizada por uma organização americana responsável pelo evento, com o objetivo de avaliar a relevância e o potencial de atração de investimentos das startups participantes. Eles buscam projetos que não apenas despertem o interesse dos investidores presentes, mas que também justifiquem o investimento em sua viabilidade e inovação. Foi necessário demonstrar a natureza inovadora de nossas propostas, especialmente a abordagem única que empregamos no streaming, e como integramos essas inovações ao longo do desenvolvimento. Essa etapa nos permitiu avançar juntos, reforçando a sinergia entre nossas startups.

Lívia – A educação financeira para crianças e adolescentes aborda um público que, culturalmente, é alheio às dinâmicas do dinheiro. Tradicionalmente, o assunto dinheiro é tratado como um tabu nas famílias; há uma aura de mistério e estresse em torno dele. Por não aprendermos sobre finanças de forma orgânica em casa, muitos de nós enfrentamos um despertar financeiro tardio, apesar de já possuirmos recursos consideráveis. Pessoalmente, cheguei a um ponto em que, apesar de ter ganhos significativos, me perguntava para onde estava indo meu dinheiro. Esse questionamento me levou a uma jornada de autoeducação financeira.

Entender a psicologia por trás das nossas decisões financeiras é crucial. Assim como sabemos que para emagrecer precisamos consumir menos calorias do que gastamos, deveríamos aplicar a mesma lógica ao nosso dinheiro, gastando menos do que ganhamos. Porém, há um descompasso entre saber e fazer, evidenciando a importância da mentalidade financeira.

Minha imersão em cursos internacionais e a observação de padrões de sucesso me convenceram da importância de instilar uma educação financeira desde cedo, evitando que as futuras gerações repitam os erros comuns relacionados ao dinheiro. Isso me inspirou a combinar minha paixão pela educação financeira com o amor pelas crianças, determinada a oferecer ao meu filho e a outros uma cultura financeira sólida desde cedo.

A educação financeira, para mim, tornou-se uma missão de vida. Após cinco anos dedicados a esse campo, formamos uma parceria com especialistas em tecnologia para transformar este conhecimento em um jogo interativo, visando sua distribuição nacional no próximo ano. Este projeto não apenas coloca Barreiras no mapa como um pioneiro em educação financeira infantil mas também estabelece colaborações com grandes marcas para criar produtos personalizados. Estamos na vanguarda de integrar tecnologia e educação financeira, tornando-a acessível, prática e envolvente para crianças e adolescentes em todo o país.

Falabarreiras – Essas startups terão seus aplicativos disponíveis na Play Store, correto?

Lívia – Estamos realmente focados em integrar a tecnologia para otimizar a distribuição do nosso app. Atualmente, contamos com o suporte de parceiros tanto locais quanto internacionais, que são fundamentais no desenvolvimento. Criar um game envolve complexidades e custos significativos, o que nos levou a elaborar um projeto abrangente que já atraiu a atenção de marcas nacionais renomadas. Essas marcas já estão colaborando conosco para desenvolver conteúdos personalizados que atendam especificamente aos seus setores, beneficiando seus clientes. Estamos interagindo com gigantes dos setores imobiliário, varejista e de saúde, reconhecendo que o público infantojuvenil já é um segmento de consumidores influente, responsável por movimentar aproximadamente um milhão de reais anualmente apenas através de suas decisões de compra.

Falabarreiras – Tiago, poderia nos contar mais sobre a origem da sua startup de streaming? Como foi que essa ideia se desenvolveu?

Tiago – A ideia da nossa startup de streaming nasceu da frustração. Esse problema comum foi o estopim para a criação de uma solução inovadora. Há cerca de cinco anos, a concepção começou a tomar forma na minha mente. A ideia persistiu, motivando-me a questionar a sua viabilidade e a trabalhar na sua materialização. Ao longo desse processo, enfrentamos altos e baixos, com pessoas entrando e saindo do projeto, dado o seu grande escopo com pretensões globais.

Apresentamos o projeto a várias empresas internacionais, buscando parcerias que pudessem viabilizar a sua execução em escala mundial. Entre as diversas consultas, uma grande empresa tecnológica se mostrou interessada, mas a proposta inicial não atendeu plenamente às nossas expectativas. Persistimos na busca por um parceiro que compartilhasse da nossa visão e ambição, até que um contato fortuito me levou à Amazon Web Services (AWS), uma das maiores Big Techs do mundo, conhecida por seu vasto portfólio de serviços além do famoso e-commerce.

Após persistir e conseguir uma reunião com um dos diretores da AWS na América Latina, apresentei nosso projeto, que foi imediatamente reconhecido pelo seu potencial. A AWS não apenas se comprometeu a apoiar o projeto mas também propôs uma parceria que superava em muito a oferta anterior, garantindo exclusividade e apoio integral.

Agora, com a AWS como nosso parceiro tecnológico, temos um roteiro claro para a distribuição do serviço, abrangendo servidores, containers, países de atuação, velocidade, tráfego e segurança. Estamos nos detalhes finais, superando barreiras técnicas e culturais, para lançar um serviço que promete transformar o acesso a conteúdos digitais. Com o respaldo de uma gigante da tecnologia como a AWS, sentimos uma confiança imensa no sucesso e na inovação que nossa startup está prestes a trazer ao mercado global.

Falabarreiras – Quais foram os principais desafios que vocês enfrentaram para obter apoio?

Tiago/Lívia – Explicar o conceito de montar uma startup já introduz um elemento de inovação e ruptura para muitas pessoas. Diferente da ideia tradicional de estabelecer um negócio físico, com requisitos bem conhecidos como internet, eletricidade e instalações físicas, lançar uma startup exige quebrar paradigmas. Encontramos resistência e tivemos de educar os envolvidos sobre a natureza disruptiva do nosso projeto. Conseguir o apoio de grandes empresas foi um marco, mas o caminho até lá envolveu muita persistência e ajustes na equipe. Inicialmente, sonhávamos com uma equipe composta inteiramente por talentos de Barreiras, mas a realidade nos levou a uma composição 50% local e 50% de outras regiões. Essa adaptação não foi fácil; houve momentos em que quase decidimos buscar oportunidades fora de Barreiras. A necessidade de incorporar as melhores competências, independentemente de sua localização, nos fez expandir nossa busca por talentos, alcançando cidades como Salvador, São Paulo e Manaus. Essa diversificação geográfica reflete nosso compromisso em reunir uma equipe capaz de compreender e contribuir para a ambição e magnitude do nosso projeto, acreditando firmemente em seu potencial futuro.

Falabarreiras – Vocês esbarram na falta de interesse ou de conhecimento do empresariado barreirense?

Tiago/Lívia – O desafio mais significativo que enfrentamos é, sem dúvida, expandir a mentalidade das pessoas para compreenderem que as startups representam o futuro. Precisamos enfatizar a importância de se ter uma visão aberta sobre o potencial inovador e transformador dessas iniciativas.

Falabarreiras – Poderiam nos detalhar o conceito de um hub e sua finalidade? Além disso, gostaríamos de saber se existe algum em nossa região e qual sua importância.

Tiago/Lívia – Um hub pode ser entendido como uma incubadora ou aceleradora de startups, um espaço dedicado a fomentar o crescimento e o desenvolvimento de novas empresas inovadoras. Em nossa região, existe um hub em Luís Eduardo Magalhães, focado exclusivamente em startups do setor agropecuário. Quando apresentamos nosso projeto lá, enfrentamos dificuldades de comunicação, pois parecia que estávamos falando idiomas diferentes – nossa iniciativa não se encaixava no perfil agro que eles buscam apoiar. Infelizmente, em Barreiras, ainda não contamos com uma estrutura semelhante.

Recentemente, participei de um evento que reuniu representantes do Sebrae, Abapa e diversas esferas governamentais, onde se discutiu a urgente necessidade de se estabelecer um hub em Barreiras. Durante o evento, um especialista de Salvador compartilhou insights sobre o processo de criação de hubs, evidenciando o paradoxo de cidades menores, como Jacobina, já possuírem tais espaços, enquanto em Barreiras, uma região de grande potencial, ainda enfrentamos a ausência dessa infraestrutura de apoio.

Esse contraste destaca um desafio maior: a dificuldade de sensibilizar investidores locais sobre o valor e o potencial de retorno das startups. Muitos preferem investir em negócios tradicionais e tangíveis, como franquias, que percebem como menos arriscados, mesmo que esses empreendimentos ofereçam retornos menores a longo prazo. Essa mentalidade contrasta drasticamente com as oportunidades que um investimento em startups pode oferecer, potencializando ganhos significativos em períodos mais curtos. A criação de um hub em Barreiras não apenas abriria portas para inovação e desenvolvimento tecnológico mas também ajudaria a educar e mudar a percepção dos investidores locais sobre o valor de apostar em startups.

Falabarreiras – Contem-nos como se conheceram e descobriram que compartilhavam o mesmo objetivo.

Tiago/Lívia – Nossa parceria começou durante um evento de tecnologia em Barreiras, onde ambos apresentávamos nossos respectivos projetos. Foi nesse encontro que tivemos a oportunidade de conhecer as iniciativas um do outro e percebemos a compatibilidade de nossas visões e objetivos. Diante desse cenário promissor e da energia inovadora que permeava o ambiente, com cerca de cinco a seis startups ainda em fase de concepção ou desenvolvimento inicial, reconhecemos a potencial sinergia entre nossas ideias. A partir desse momento, decidimos unir forças e formar uma sociedade, impulsionados pela crença compartilhada no poder transformador de nossos projetos.

Falabarreiras – Compartilhem conosco quais são as suas expectativas ao participarem do Web Summit Rio.

Tiago/Lívia – Nosso objetivo principal ao participar do Web Summit Rio é maximizar a oportunidade de fazer networking de qualidade. O aspecto mais vital para nós é estabelecer conexões valiosas, encontrando pessoas e organizações que compartilhem nossa visão e estejam dispostas a apoiar nossa causa. Acreditamos que, ao conseguir estabelecer esses vínculos estratégicos, o evento se provará extremamente benéfico para nossas startups. Mais do que a escala internacional do evento ou sua renomada reputação, o que realmente buscamos é a chance de alinhar nosso projeto com parceiros potenciais que possam entender e abraçar nossa missão.

Nossa aspiração não se limita apenas a expandir nossa rede de contatos; queremos posicionar nosso negócio de forma que ele se torne uma referência nacional, transcendendo as fronteiras de Barreiras. Estamos trabalhando para que nosso projeto, inicialmente apoiado por investidores locais, alcance uma distribuição nacional no próximo ano. Dessa forma, esperamos que Barreiras seja reconhecida não só pelos seus tradicionais setores agro e imobiliário mas também como um polo de inovação em educação financeira para o público infantojuvenil e tecnologia. Esta visão é o que nos motiva e define nossas expectativas para o Web Summit Rio: tornar nosso projeto um marco nacional na interseção de tecnologia e educação financeira.