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Educação Financeira

Poupança: como funciona e quais são os rendimentos?

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Poupança

Em muitos países pelo mundo, poupança significa apenas o ato de guardar dinheiro e acumular para, depois, investir.

No Brasil, essa palavra desperta outros significados, sendo o principal deles em relação à caderneta em que milhões de brasileiros aplicam seu dinheiro.

Por exemplo, enquanto diversas nações comemoram o Dia Mundial da Poupança, em 31 de outubro, no Brasil esse dia é “comemorado” por muita gente que coloca parte de seus recursos nesse lugar, que já foi tão reputado, mas que hoje já não é bem assim.

O que é poupança e como ela surgiu?

A partir da fundação da Caixa Econômica Federal, após o Decreto n.º 2.723 de 12 de janeiro de 1861, assinado pelo então Imperador Dom Pedro II, criou-se junto com a instituição financeira uma conta para os brasileiros depositarem seus recursos.

Era o início da Era da Poupança no Brasil. O principal objetivo, segundo o texto oficial da decisão, na época, era “por mim receber a juro de 6% as pequenas economias das classes menos abastadas”.

Ou seja, a poupança nasceu já como um caráter popular para receber depósitos de toda a camada da população.

Tanto que, a partir do Decreto n° 5153, de 13 de novembro de 1872, a Caixa Econômica Federal passou a incluir, na época, os depósitos de escravos, que ainda não tinham total liberdade, mas tinham já conquistado algumas condições revolucionárias.

E isso também se deve ao caráter de popularização que a instituição tinha e tem até hoje, permitindo que os mais pobres pudessem acessar a poupança e deixar seus recursos rendendo para comprar itens como aluguel de impressora jato de tinta.

No livro Caixas Econômicas do Brasil, há um trecho que explica muito bem a função da poupança na época e até nos dias de hoje. Ou seja, é um instrumento para acúmulo de patrimônio. E quem sabe usar bem isso pode até acumular uma fortuna.

“As Caixas Econômicas, em toda a parte, são índices seguros da fortuna e bem-estar do povo, e demonstram, ainda, os hábitos de poupança e sobriedade – para abrigo de vicissitudes em dias incertos, que os há de toda a gente.

Assim, a prosperidade desses estabelecimentos significa também a prosperidade do país a que pertencem.

O ‘pé de meia’, a economia de vintém, de tostão a tostão, de mil réis a mil réis, ou o crescendo dessa escala ascendente de valores da moeda, – tem sido o segredo de muita fortuna, em cada caso particular”, dizia o texto do renomado livro.

Isto é, mesmo no fim do Século XIX, já se estabelecia por meio da criação da poupança um aspecto de crescimento econômico, tanto do país, que recebe esses recursos incentivando a economia, quanto das próprias pessoas, que tinham chance de investir o dinheiro.

E, de pouco em pouco, o patrimônio das pessoas na poupança crescia por meio dos juros, podendo comprar acessórios para caminhão Scania, por exemplo.

Até hoje há muitas pessoas que absorveram esses valores da Caixa Econômica Federal e só investem na caderneta.

Virou uma questão cultural investir na caderneta de poupança por sua tradição durante mais de 100 anos e por sua segurança assegurada nas instituições financeiras.

Hoje, nesse sentido, o cenário já não é tão satisfatório para o mercado de investimento como antigamente. No cenário atual, a poupança ainda tira muito dinheiro de outras aplicações que nasceram nos últimos anos e foram democratizadas.

Praticamente 67 milhões de brasileiros ainda têm, pelo menos, 100 reais em uma conta-poupança no banco. São cerca de 23% da população brasileira, segundo levantamento da Anbima.

Se antigamente a poupança era um verdadeiro oásis para os brasileiros pelo fato de ser, basicamente, a única opção para a maioria da população, hoje o mercado mudou muito e diversos investimentos se abriram para o público em geral.

Ou seja, há muitas pessoas que, principalmente por medo de investir no que é mais novo, preferem deixar o dinheiro na poupança, mesmo que renda menos ou até perca da inflação. E isso mesmo significando perder, por exemplo, a tão esperada aula de baixo avançado.

De acordo com a pesquisa Raio-X do Investidor 2022, feita pela Anbima, quando se fala em produtos de investimento, a poupança ainda é, declaradamente entre os respondentes, a aplicação mais conhecida entre pessoas de diversas classes sociais.

Ações, fundos de investimento, títulos de dívida do governo e títulos privados aparecem em seguida, com menos conhecimento por parte dos brasileiros.

Rendimento da poupança: como ele funciona?

Esta ainda é uma das perguntas mais realizadas quando o assunto é investimento. A poupança ainda desperta a curiosidade de muitos brasileiros que estão começando a investir, desde a educação infantil jardim 1, sendo a principal aplicação de entrada.

A rentabilidade da poupança funciona de forma diferente, de acordo com dois cenários que têm influência total da variação da taxa Selic, considerada a taxa básica de juros do Brasil.

Esse instrumento serve como referência e base para todas as outras taxas no Brasil. Quem define se a Selic vai subir ou descer é o Banco Central, em sua tradicional reunião, a cada 45 dias, em seu Comitê de Política Monetária (Copom).

Ou seja, as regras do rendimento da poupança dependem de suas mudanças e flutuações de acordo com cada decisão do Copom. É como uma tag embalagem personalizada

, que funciona de forma autônoma.

Caso a taxa Selic esteja abaixo dos 8,5% ao ano, a rentabilidade da caderneta segue o seguinte padrão: 0,5% ao mês + a Taxa Referencial (que hoje encontra-se próxima do zero e praticamente ninguém a usa).

Ou seja, no acumulado de um ano, a poupança rende 6,17% ao ano nessas condições. Agora, quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, as regras mudam. O rendimento na caderneta para a ser 70% da taxa Selic.

É por isso que é muito importante que os brasileiros acompanhem as notícias econômicas, principalmente o resultado dessas reuniões do Copom.

Vale a pena investir na poupança?

Pelo fato de os brasileiros ainda verem a poupança como o único lugar que querem ou podem investir, a pergunta sobre se a caderneta vale a pena é muito realizada mesmo nos dias de hoje em que o mercado de investimentos evoluiu exponencialmente.

E, hoje em dia, a caderneta mostra-se um investimento mais de transição para outros tipos de investimento do que qualquer outra coisa. Porém, muitas pessoas “esquecem” o dinheiro lá, perdendo oportunidades que poderiam ser melhores.

Quando se fala em investimentos, é preciso analisar o tripé com as principais características inerentes a um ativo e mais um adendo importante de cadastro e adequação da pessoa com o investimento:

  • Rentabilidade;
  • Liquidez;
  • Segurança;
  • Perfil de Investidor.

Ou seja, não adianta apenas olhar para os rendimentos se a liquidez e segurança não atendem ao perfil de investidor.

No caso da poupança, a rentabilidade acaba sendo a característica menos benéfica, justamente por causa do atual cenário dos investimentos.

Hoje, com a Selic a 13,75%, a poupança rende 70% da taxa Selic de acordo com as regras de rentabilidade. E há investimentos no mercado, como os títulos públicos no Tesouro Direto, que essencialmente pagam mais. E a conta é bem simples de se fazer.

O Tesouro Selic, por exemplo, é um desses títulos públicos. Ele, basicamente, rende exatamente a variação da taxa básica de juros do Brasil. 

Ou seja, esse investimento rende 100% da taxa Selic. Logo, a rentabilidade do Tesouro Selic é melhor do que a da poupança, podendo garantir, de repente, um aluguel light sheer.

Quanto à segurança da poupança, realmente é considerada bastante segura porque a caderneta tem garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), assim como outros investimentos do mercado.

Mas, ainda em comparação com os títulos públicos do Tesouro, a segurança é outro quesito que os investimentos disponibilizados pelo governo ganham da poupança. Isso ocorre porque os títulos públicos são soberanos.

Ou seja, o emissor desse tipo de investimento é o próprio governo, e o mercado tem o consenso de que quando o título vem do Governo Federal o risco de calote é quase zero para os investidores.

Na poupança, o emissor é um banco, uma instituição privada que pode falir. Porém, o FGC cobre os investidores em 250 mil por conta e por CPF. Por isso, a poupança é considerada bastante segura.

Quanto à liquidez, que nada mais é do que a capacidade que uma pessoa tem para fazer o resgate do investimento, talvez esta seja a principal vantagem da caderneta porque é imediata.

Em outros investimentos, geralmente demora pelo menos 1 dia para o dinheiro entrar na conta. Portanto, é considerada uma boa vantagem em casos de emergência, como um  conserto video game.

Mas há uma única questão em relação a isso: a poupança só rende depois que o mês vira, o famoso “aniversário da poupança”.

Então, se o resgate é feito antes de virar o mês, a rentabilidade daquele montante naquele mês não será contabilizada.

Considerações finais

Certamente, a poupança tem uma importância histórica e cultural para os brasileiros, assim como a caixa postal particular, tanto que boa parte da população ainda deixa seus recursos aplicados na caderneta bancária.

Ainda que outros investimentos sejam mais vantajosos, comparando rentabilidade, liquidez e segurança, a poupança é, inegavelmente, um patrimônio brasileiro, e sempre é preciso ficar de olho em relação às suas regras de rentabilidade de acordo com a economia.

Esse texto foi originalmente desenvolvido pela equipe do blog Guia de Investimento, onde você pode encontrar centenas de conteúdos informativos sobre diversos segmentos.

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