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Barreiras

Tia Eron, a deputada do voto decisivo para cassação de Cunha, fala da pressão que sofreu

Publicado

em

Osmar Ribeiro

Tia Eron teve poder de juíza no caso Cunha | Foto: Osmar Ribeiro/Falabarreiras

A deputada Eronildes Vasconcelos Carvalho, mais conhecida como Tia Eron (PRB/BA), chegou na sexta-feira (19) em Barreiras para a inauguração do novo templo da Igreja Universal, e no sábado (20), participou de um café da manhã em uma pousada na cidade, onde se reuniu com várias lideranças da região, dentre as quais, representantes de Barreiras, Barra, Baianópolis, Santa Maria da Vitória e Formosa do Rio Preto. Na oportunidade, a deputada fez alianças, promessas e cumpriu compromissos que beneficiarão várias cidades do Oeste.

Tia Eron, hoje deputada licenciada, pois assumiu a Secretaria de Ação Social de Salvador, falou à reportagem do Fala Barreiras a respeito da pressão que sofreu para definir seu voto no processo de cassação do deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ). Tia Eron teve o poder de juíza, pois seu voto foi o que definiu a cassação de Cunha. “Para mim não foi nada fácil… eu recém chegada ao Congresso Nacional e arbitrar sobre a vida de um homem sentado na maior cadeira do poder legislativo”. A deputada questionou a si mesmo no momento mais difícil da sua vida parlamentar, “Por quê que tem que ser eu, mulher, negra? Eu que vou decidir isso? Com tanta estrela, com tanta gente importante aqui dentro?”.

Segundo Tia Eron, faltava à turma consciência, o Conselho precisa ser repensado, pois Eduardo Cunha já estava ditando as regras, como se deveria ser feito ou não, “sabe Deus quais os interesses inconfessáveis que tinha ali”. Tia Eron sofreu uma grande pressão dos políticos, da imprensa e do eleitorado para dar o seu voto, “eu fiz o que tinha que ser feito e o que é certo. Meu sentimento foi muito claro. Pude perceber o que era essa sociedade de pouca consciência reflexiva, quando já me faziam juízo de valor ao dizer que eu era já manobra de Cunha, aliada de Cunha. Era assim que eu era taxada”. A deputada se sentiu doente, suja com a situação, “eu
adquiri até lepra, eu me senti mais ré que o próprio réu… … meu sentimento foi de perceber o Brasil, perceber o Congresso Nacional que era de uma baixa consciência reflexiva”.

Terceirização
Tia Eron votou a favor da terceirização, e explica o por que, “o tempo vai dizer se fiz certo ou errado. O trabalho de terceirização sempre foi precário. É bom para o empregador, é bom para as prestadoras de serviço, sob o ponto de vista de facilitar e descentralizar o serviço. Mas o trabalhador que executa, sempre teve deficitário seus direitos e garantias constituídos pela CLT. Quando pensamos na terceirização, pensamos em assegurar o direito de férias, o gozo de férias, o direito do FGTS, pois nada disso as empresas tinham compromisso. Acontece muito de trabalhadores terceirizados serem postos para fora e não receberem seus direitos, porque o dono da terceirizada não tem mais obrigação, por força de lei, com o cumprimento e a garantia destes direitos do trabalhador”.

Quanto à inserção das atividades fins na lei da terceirização, a deputada declara que foi um assunto muito discutido, mas que infelizmente o Congresso vive de votação da maioria, “levantei esse questionamento, este é um ponto nefrálgico, difícil, polêmico, fui voto vencido”.

Quanto as reformas da previdência a deputada diz ser necessária, embora o povo reclame, “é um remédio amargo, mas necessário. É uma questão de inteligência. As pessoas precisam ter uma consciência mais apurada, mais reflexiva sobre estas questões”.