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O primeiro emprego dos super-heróis dos cinemas

”Para uma pessoa como eu, que adora qualquer expressão artística, quadrinhos representam horas de ocupação”, Luara Batalha

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Luara Batalha

Quando eu era criança, uma das coisas que eu adorava fazer é ler revistas em quadrinhos. Uma avó até hoje conta que um dia liguei para ela, assim que me familiarizei com as letras, e li toda uma revistinha da Turma da Mônica. Um tempo depois comecei a criar histórias nesse formato, tendo como protagonista uma heroína, Super Lila, que nada mais era que um ovo com um laço e uma capa vermelha. Infelizmente não foi sucesso de público, mas minha paixão por esse tipo de leitura perdurou.

Além da história desenvolvida ao longo das páginas, que é apresentada de forma lúdica, nesse gênero ainda há toda a arte dos desenhos. Para uma pessoa como eu, que adora qualquer expressão artística, quadrinhos representam horas de ocupação. Não consigo enumerar as tardes em que passei tentando reproduzir os desenhos, conseguindo, às vezes, alcançar algo de qualidade. Então, para mim, nada melhor do que relacionar meus interesses literários com essas obras. Por alguma razão, há uma tendência de se achar que esse tipo de leitura é para o público infantil, mas diversos são os trabalhos com temáticas complexas expostas de forma visual.

Um exemplo é A Diferença Invisível, de Mademoiselle Caroline e Julia Dachez, no qual acompanhamos a vida de Marguerite, uma jovem que gosta de rotina, detesta barulho, tem dificuldade em entender as piadas, é fissurada em animais e não curte saídas e reuniões. Antissocial? Não, autista: Asperger. Esse livro em quadrinhos, roteirizado por uma jovem diagnosticada com a Síndrome de Asperger, é uma aula maravilhosa sobre o assunto. O enredo mostra as dificuldades pelas quais Marguerite passou até́ ser diagnosticada (muito mais difícil de identificar em mulheres), o processo para se aceitar, compreender seus limites e conseguir ser feliz, tudo isso narrado de forma prazerosa e ilustrativa.

A Diferença Invisível

Para aqueles que ainda assim rotulam (Já conversamos sobre isso na coluna “Gêneros literários: a rotulação das histórias”) os quadrinhos e não estão convencidos da sua pluralidade, creio que é preciso conhecer um pouco mais sobre esse tipo de trabalho. Imagino que vocês acreditem que uma narrativa linear e com tema único não seja tão desafiadora – o que eu discordo, mas não há dúvidas de que podemos nos aprofundar um pouco mais nas histórias em quadrinhos, ainda mais que algumas obras, incluindo best-sellers, estão sendo adaptados para este gênero, como é o caso de O Conto da Aia(O livro foi adaptado para a série homônima. Somente a primeira temporada é baseada no livro), escrito por Margaret Atwood.

Num futuro pós-guerra, os Estados Unidos deram lugar a uma nova nação, Gileade, que anda de mãos dadas com a religião. As mulheres perderam sua autonomia, seu dinheiro e inclusive seu nome, suas vidas sendo, então, definidas pelos homens. Seguimos, ao longo da narrativa, Offred (literalmente De Fred – em inglês), uma aia cuja função é reproduzir – sim, reproduzir. Com duas linhas temporais, é uma história angustiante, ainda mais por vermos os questionamentos da protagonista, que vão desde a letargia da população diante das mudanças impostas pelo governo à aceitação do seu papel como reprodutora nessa nova sociedade.

A Diferença Invisível

De não ficção a distopias, passando por uma criança que usa um coelho de pelúcia para bater nos amiguinhos, as histórias em quadrinhos agradam a diferentes faixas etárias, assim como ocorre com a música, por exemplo. Então, sugiro que se permita mergulhar neste mundo visual para conhecer novas histórias. E, só a título de curiosidade, sabe aqueles super-heróis dos cinemas? Então, começaram a carreira nos quadrinhos…

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