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Após cinco anos em obras e investimento de R$ 2,1 milhões igreja é reinaugurada

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Clarissa Pacheco | Gil Santos | Correio da Bahia

O templo da Irmandade dos Clérigos passou pela primeira reforma desde que foi inteiramente tombado pelo Iphan em 1941

Altar da igreja, considerada a paróquia dos padres e arcebispos | Foto: Marina Silva

Altar da igreja, considerada a paróquia dos padres e arcebispos | Foto: Marina Silva

Após cinco anos em obras, a reinauguração da Igreja de São Pedro dos Clérigos, no Terreiro de Jesus, foi num dia chuvoso — numa espécie de bênção divina compartilhada por duas dezenas de fiéis.

Ontem à noite, na missa celebrada pelo arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, dom Murilo Krieger, o religioso reforçou que a reforma foi uma bênção não só para a igreja. “Uma obra dessa não é apenas da igreja, é da população. A igreja tem a responsabilidade de cuidar desse patrimônio para que multidões possam ver essa beleza”, disse.

O templo da Irmandade dos Clérigos, espécie de paróquia dos padres e arcebispos, passou pela primeira reforma desde que foi inteiramente tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 1941.

Na entrada, o teto mostra o símbolo do Alto Clero, uma coroa com duas chaves cruzadas, semelhante ao brasão do Vaticano. Mais à frente, o forro da nave ganhou de volta a pintura original, antes coberta por pinturas sucessivas.

Já as portas laterais ganharam cortinas vermelhas com detalhes dourados, cores do Vaticano. “A igreja foi totalmente restaurada. Ela tem uma arquitetura belíssima em detalhes e está registrada tanto no livro do tombo histórico quanto no das belas artes. Tudo o que você vê dourado, é ouro, e tudo que vê prateado, é prata”, explicou o superintendente do Iphan na Bahia, Carlos Amorim, repelindo um costume antigo de fazer restaurações de ouro e prata usando purpurina.

A igreja se divide em arquitetura dos séculos XVIII e XIX. “A nave é do século XVIII, a fachada tem estilo rococó, do século XIX, e existem alguns detalhes internos neoclássicos”, disse Amorim. A restauração custou R$ 2,1 milhões em recursos do governo federal. Cerca de 80 pessoas fizeram parte do trabalho.

“A igreja sofreu muito com ataque de cupins. O forro estava todo acabado”, disse o restaurador técnico Júlio Maia. Além dos itens restaurados, também foram recuperadas peças em mármore do ossário.

Segundo Maia, uma das surpresas da restauração foi um armário de cerca de 3 m de altura, encontrado no primeiro andar. “Encontramos restos de peças da antiga Sé, inclusive o armário, que parecia a caixa de um órgão. Ele estava coberto com uma camada de tinta preta e fizemos toda a restauração”, disse.

Além da nave da capela-mor, a restauração também alcançou a sala do capitólio. De acordo com Amorim, a igreja foi a primeira a ser restaurada, mas todos os templos do Terreiro de Jesus serão contemplados.