Brasil
Medidas definidas na conferência mundial do clima afetarão o futuro da humanidade
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Ana Paula Scorsin
Mudanças climáticas já causam graves consequências à sociedade
Desde a segunda-feira (7) até o dia 18 de novembro, representantes de todo o mundo se reúnem na 22ª Sessão da Conferência das Partes (COP 22) da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudança do Clima, em Marrakesh (Marrocos), para debater ações de combate à mudança climática. Pode parecer algo distante do dia a dia da maioria das pessoas, mas as decisões tomadas durante este encontro vão afetar diretamente o presente e futuro do planeta.
É o que garante André Ferretti, gerente de Estratégias de Conservação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, que participará da COP22 como observador, categoria destinada àqueles que não integram a delegação oficial dos países. “Já sentimos na pele eventos climáticos extremos cada vez mais constantes. Exemplo disso foi o ciclone que atingiu o Rio Grande do Sul e Santa Catarina no mês passado. Mesmo sem saber a relação entre esses eventos e a mudança climática, a sociedade já está tendo que se adaptar a esses acontecimentos”, alerta Ferretti.
Não são apenas os desastres como tsunamis, furacões e ciclones que surgem com as alterações no clima. “Os surtos de Zika, Chikungunya e Dengue que ocorreram este ano são exemplos claros disso”, afirma Ferretti. “A intensificação das secas, assim como do calor e das chuvas em algumas áreas do globo contribuem para tornar as cidades lugares perfeitos para o desenvolvimento e reprodução do mosquito Aedes aegypti, hospedeiro dos vírus”, explica.
Passado e futuro
O ano passado foi o mais quente no planeta desde que começaram os registros de temperatura, no fim do século 19, e este ano caminha para superar esta marca. “As próximas duas décadas serão decisivas para o futuro climático do planeta, exigindo da nossa sociedade grandes transformações. Sairemos de uma sociedade alicerçada na energia fóssil e nos motores a combustão para algo muito diferente e que mudará o nosso modo de vida e das futuras gerações”,comenta o representante da Fundação Grupo Boticário.
Deixar de utilizar materiais fósseis significa o desaparecimento de produtos derivados de petróleo e seus subprodutos como: parafina, vaselina, asfalto, querosene, gasolina, diesel, óleos lubrificantes, plástico, isopor, dentre outros. Além disso, na medida em que parar a produção de veículos com motor a combustão, o ar das grandes cidades não será mais tão carregado de monóxido de carbono e enxofre.
Como alternativa, Ferretti sinaliza que “ocorrerá um aumento no uso de energias renováveis, contribuindo para mudar para melhor a nossa qualidade de vida e de todos os outros seres vivos”.
Acordo de Paris e a COP22
“A rápida tramitação do Acordo de Paris, desde a 21ª Sessão da Conferência das Partes (COP 21) em dezembro de 2015 até sua entrada em vigor na última sexta-feira (4), foi uma surpresa positiva e demonstra que o combate à mudança climática é uma preocupação mundial. O prazo era de até o fim de 2020 e, no entanto, obtivemos esse resultado em menos de um ano”, comenta Ferretti. “Espero ver o reflexo dessa agilidade na COP 22 e na Primeira Reunião das Partes do Acordo de Paris (chamada pela sigla CMA1), testemunhando a união de esforços dos países para ajudar o planeta”.
O Acordo de Paris – que tem como o objetivo manter o aumento da temperatura média mundial “muito abaixo de 2°C” até 2100, tendo como referência o período pré-industrial – além de ser o primeiro pacto universal para combater a mudança climática, simboliza a grande mudança rumo a uma sociedade descarbonizada, algo que tem sido buscado desde a assinatura da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, em 1992, no Rio de Janeiro.
Ao longo da COP22, além de medidas para evitar o aquecimento global, outros temas devem apresentar avanços, como a definição das regras de transparência (informações e dados que os países deverão fornecer para se verificar o alcance das metas), a assistência técnica para a criação de políticas de desenvolvimento “limpo” (desenvolvimento e implantação de tecnologia e soluções voltadas a energias renováveis, transportes, novas práticas agrícolas), o aumento da ajuda financeira aos países em desenvolvimento e a apresentação de metas das nações envolvidas para 2050.
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