Como se dá a irrigação no agronegócio do oeste da Bahia

Foto: Reprodução Central Irrigação

A irrigação é uma prática agrícola que utiliza um conjunto de equipamentos e técnicas para suprir a deficiência total ou parcial de água para as culturas plantadas.

A prática consiste no fornecimento artificial de determinada quantidade de água ao solo em uma área específica e no momento certo para criar umidade ideal para o desenvolvimento das culturas.

A baixa disponibilidade de água ou a irregularidade de chuvas são os principais fatores que levam o produtor a adotar técnicas de irrigação.

No Brasil, a agricultura irrigada está presente em todas as regiões, especialmente onde há escassez de água, como é o caso da região do semiárido, ou onde ocorrem períodos prolongados de seca, como na região Oeste. Arroz, feijão, cana-de-açúcar, legumes, frutas e verduras são alimentos presentes na mesa do brasileiro que são produzidos em sistemas irrigados.

A irrigação, quando bem planejada e executada, aumenta a produção agrícola (de 2 a 3 vezes superior à produção da agricultura de sequeiro, que depende da chuva) e possibilita a exploração agrícola em áreas localizadas em regiões de clima árido ou semiárido.

Áreas irrigadas correspondem a menos de 20% da área total cultivada do planeta, mas produzem mais de 40% dos alimentos, fibras e culturas bioenergéticas, de acordo com a Organização das Nações Unidas Para Alimentação e Agricultura (FAO). Ainda de acordo com a FAO (2017), o Brasil está entre os dez países com a maior área equipada para irrigação do mundo. Os líderes mundiais são a China e a Índia, com cerca de 70 milhões de hectares cada.

Na região Oeste da Bahia, a agricultura irrigada tem papel fundamental no aumento da oferta de alimentos e na garantia da segurança alimentar e nutricional da população.

Com agricultura majoritariamente sequeira, o Oeste da Bahia tem 8% de sua área plantada irrigada, o equivalente a 192 mil hectares. Estudos preliminares apontam potencial para ampliar, com segurança, esse percentual.

De acordo com informações da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), esta área irrigada contribui com 34% do Valor Bruto da Produção Agropecuária. “Caso a irrigação seja utilizada de forma inteligente, racional e com base em rígido controle técnico-científico, a região pode atingir um novo ápice produtivo sem que, para isto, seja necessário aumentar a quantidade de terras”.

A necessidade do uso sustentável da irrigação na agricultura para potencializar toda a estrutura e demanda de tecnologia e de mão de obra já existente na região também é um fator importante.

A irrigação, que pode ser utilizada independente da escala de produção, possibilita ainda a diversificação da matriz agrícola do Oeste da Bahia, ao trazer novas culturas à região, a exemplo de hortaliças e fruticultura, gerando, assim, mais emprego e renda.

No agronegócio do oeste da Bahia, a tecnologia de irrigação ajuda a viabilizar o potencial de outros insumos utilizados na agricultura, tais como fertilizantes, sementes melhoradas, defensivos entre outros.

Basicamente, há quatro métodos de irrigação disponíveis atualmente: superfície, aspersão, localizada e subirrigação. Os dois sistemas básicos na irrigação localizada são a micro aspersão e o gotejamento.

A escolha do método ideal deve levar em conta aspectos como clima, topografia, solo, cultura que será irrigada, disponibilidade financeira e tecnológica do produtor.

A irrigação por gotejamento é feita com mangueiras que são posicionadas estrategicamente na base das plantas, fazendo com que a água seja depositada diretamente na raiz, evitando as perdas por evaporação e deriva.

Nesse sistema, a água é puxada pela força de uma bomba e levada até um tanque, depois passa para outro tanque, onde se encontram os nutrientes para a fertirrigação. Após esse processo, a água é bombeada fortemente para os tubos de irrigação, mas chega lentamente à planta em forma de gotas.

De acordo com o consultor da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (AIBA) na agricultura tropical brasileira, os ciclos de produção são definidos pela disponibilidade de água das chuvas. “A irrigação veio para quebrar esse ciclo e dar continuidade na produção agrícola, possibilitando várias safras durante o ano”.

Atualmente, a quantidade de pequenos e médios produtores rurais interessados nas técnicas de irrigação e o desejo de obter o melhor sistema aumentou consideravelmente. Entretanto, não há uma única técnica ideal de cultivo.

O sistema de irrigação depende, basicamente, da cultura, do solo e do tamanho e topografia da área. A capacitação tecnológica e a disponibilidade de recurso financeiro do produtor também influenciam na escolha da técnica de irrigação que será utilizada.