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Transtornos de aprendizagem afetam 6% das crianças em idade escolar

Publicado

em

Leda Sangiorgio

Para a psicóloga Thais Quarta, sócia-diretora da NeuroKinder, é importante entender que dificuldades escolares podem ter repercussões emocionais, familiares, sociais e individuais

ma das queixas mais comuns apresentadas por pais de crianças e adolescentes é o mau desempenho escolar. O que muitos pais não sabem é que um boletim ruim pode ter ligação com os transtornos de aprendizagem, que afetam cerca de 6% das crianças em idade escolar no mundo.

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Segunda a psicóloga Thais Quarta, sócia-diretora da NeuroKinder, é importante entender que, na maioria dos casos, dificuldades escolares podem ter repercussões emocionais, familiares, sociais e individuais que podem durar anos e afetar o processo de aprendizado até a vida adulta. “Por isso, é preciso investigar a causa, que pode estar relacionada a algum transtorno da aprendizagem ou ser apenas uma dificuldade de aprendizagem”, explica Thais.

Dificuldade escolar e transtornos de aprendizagem são conceitos diferentes!
Segundo a neuropsicopedagoga, Viviani Zumpano, a dificuldade escolar está relacionada com lacunas no processo de aprendizagem que podem ser geradas pelo modo como a criança está sendo ensinada (método de ensino), ou até mesmo por imaturidade do estudante. “Nesses casos, também é comum encontrar problemas na dinâmica familiar e na condição emocional da criança, como separação dos pais, mudança de escola, entre outros fatores”, afirma Viviani.

Thais Quarta: "é preciso investigar a causa, que pode estar relacionada a algum transtorno da aprendizagem ou ser apenas uma dificuldade de aprendizagem” | Foto: Divulgação

Thais Quarta: “é preciso investigar a causa, que pode estar relacionada a algum transtorno da aprendizagem ou ser apenas uma dificuldade de aprendizagem” | Foto: Divulgação

Já os transtornos de aprendizagem são problemas neurobiológicos, relacionados à aquisição e ao
desenvolvimento de funções cerebrais envolvidas na aprendizagem, que ocorrem em todos os estágios do desenvolvimento da criança.

Os transtornos não são consequência da falta de oportunidade de aprender, nem acontecem por motivo de doenças ou traumatismos que afetam o cérebro. Eles ocorrem quando há alguma anormalidade no processo cognitivo e derivam de algum tipo de disfunção biológica, sem afetar o quociente de inteligência (QI).

“A criança com algum transtorno de aprendizado é capaz de aprender, porém, de uma maneira diferente. Uma equipe interdisciplinar, formada por psicólogos, neuropediatras, psicopedagogos, fonoaudiólogos, entre outros profissionais, pode orientar os pais e os professores para que juntos possam oferecer à criança ou ao adolescente um processo de aprendizagem baseado na utilização de instrumentos pedagógicos, adequados para cada tipo de transtorno”, explica Viviani.

Conheça os principais transtornos de aprendizagem

Dislexia: Provavelmente o transtorno de aprendizagem mais conhecido. Afeta a capacidade de fluência na leitura das palavras. Como resultado, a criança pode apresentar dificuldades de linguagem, impedindo um desenvolvimento adequado do vocabulário. Embora todos os fatores necessários para ler estejam presentes, como inteligência e motivação, a criança não consegue realizar a leitura porque tem dificuldade para identificar as letras com precisão e velocidade para formar as sílabas.

Discalculia: É a dificuldade no aprendizado dos números e das operações aritméticas. Crianças com discalculia possuem uma maneira diferente de compreender o raciocínio matemático.

Disgrafia: É uma disfunção no desenvolvimento do ato de escrever letras ou números. A criança pode apresentar uma letra anormal em relação ao padrão esperado, ou seja, uma caligrafia deficiente, com letras mal elaboradas e sem proporção. Isso acontece porque a criança não consegue associar o desenho da letra à sua representação e, na tentativa de controlar essa dificuldade, escreve devagar e mistura as letras, tornando a escrita ilegível e desorganizada.

Disortografia: É o transtorno de aprendizagem que dificulta a escrita. A criança pode trocar, omitir ou inverter as letras, porém, não interfere na qualidade da letra, como acontece na disgrafia. Também há dificuldade em usar parágrafos, acentos, pontos e construir frases conexas, assim como é comum a criança trocar as letras que têm sons parecidos, como o “v” pelo “f”, o “x” pelo “ch”, etc.

Transtorno de Aprendizagem Não Verbal: (TANV): Embora raro, o TANV tem um impacto importante no processo do aprendizado. A criança pode apresentar dificuldades na coordenação motora, na cognição, na percepção espacial e nas habilidades sociais. Amarrar os sapatos e andar de bicicleta, por exemplo, podem ser atividades difíceis para essas crianças, assim como desenhar e entender os aspectos da interação social.

Esses são os principais transtornos de aprendizagem, embora existam outros. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, mais eficientes se tornarão as intervenções para proporcionar um processo de aprendizado significativo para as nossas crianças e jovens.

“Precisamos sempre encorajar as crianças a persistirem no processo de aprendizado, elogiando suas conquistas, por menores que sejam. Pais e professores são os principais mediadores do processo de aprender de uma criança, por isso devem ficar atentos aos sinais apresentados”, conclui Viviani.