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Bahia

Intérpretes auxiliam surdos na comunicação em serviços públicos

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Interpretes-auxiliam-surdos-na-comunicacao-em-servicos-publicos-01A dificuldade de comunicação enfrentada pelos amigos Dominique Juliete, 22 anos, e Lucas Jambeiro, 23 anos, com um atendente de uma empresa de ônibus intermunicipal, no terminal rodoviário de Salvador, é somente um exemplo dos obstáculos enfrentados pelos surdos todos os dias. O que era para ser uma simples solicitação de gratuidade para viajar, direito adquirido pela lei do Passe Livre, não foi possível pela falta de preparo da empresa em atender às pessoas surdas.

“Reservei pela internet as passagens antecipadamente, mas pelo despreparo do funcionário, ele não soube me explicar que o ônibus já estava com os assentos ocupados com outros deficientes. No final das contas perdemos o horário do embarque e ainda tivemos que pagar a passagem para chegar a tempo ao nosso destino”, explicou indignada Dominique.

O equívoco no atendimento somente foi solucionado com o auxílio da Central de Intérpretes de Libras do Estado da Bahia (Cilba), equipamento vinculado à Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS). Acompanhados com a intérprete até a ouvidoria da Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (AGERBA), Dominique e Lucas fizeram a reclamação.

“Por meio da Cilba, os surdos e as pessoas com deficiência auditiva podem contar com a intermediação do intérprete de Libras, a Língua Brasileira de Sinais, para usufruir de todos os serviços ofertados pelo poder público, nas áreas de saúde, dos direitos do consumidor, e outros em que seja necessária essa intermediação”, informa o superintendente dos Direitos da Pessoas com deficiência da SJDHDS, Alexandre Baroni.

Superando preconceitos
A dificuldade de comunicação e o preconceito da sociedade afastam os surdos e as pessoas que possuem dificuldades auditivas do convívio social. Para a coordenadora da Cilba, Laiza Rebouças, os surdos se sentem frustrados ao receber mau atendimento. “Se os atendentes fossem mais pacientes e compreensíveis facilitaria melhor a comunicação com os auditivos”, comentou a coordenadora, que também é surda.

Depois do contratempo que quase atrapalhou a viagem com a amiga, Lucas deu uma dica simples para um melhor atendimento. “Os funcionários que prestam atendimentos deveriam, no mínimo, manter um contato visual com o surdo, o que é essencial para entendê-los. É importante o preparo para se comunicar com os surdos, usando até mesmo a escrita, mímicas ou a Libras. O ideal mesmo é que tivesse uma central de Libras em cada canto da Bahia”, idealizou o surdo aos risos.

Atendimento
A Cilba está funcionando no Instituto Anísio Teixeira (IAT), na Estrada das Muriçocas, s/n, São Marcos, Salvador. O atendimento é de segunda a sexta, das 8h30 às 12h e das 13h30 às 17h30, com três intérpretes à disposição para atendimento presencial ou online para surdos, surdos-cegos, pessoa com deficiência auditiva e oralizados que utilizam a Língua Brasileira de Sinais.

Para utilizarem o atendimento da Cilba, é preciso se cadastrar pessoalmente na central, levando carteira de identidade, CPF, cópia da audiometria e duas fotos 3×4. Para a intermediação do intérprete, a solicitação deve ser feita com cinco dias úteis de antecipação e a surdez deve ser comprovada.

No atendimento presencial, o usuário solicita que um intérprete de libras se desloque até o serviço público em que ele precisa de atendimento. Ele se comunica na língua de sinais com o intérprete, que faz a tradução simultânea para o funcionário do estabelecimento.

Outra opção é o solicitante ir até a Cilba, para que um intérprete o auxilie, por exemplo, em uma ligação telefônica que precise fazer para um órgão público. Existe, ainda, o atendimento pela internet, na página da central no Facebook (Cilba Central de Interpretação de Libras da Bahia) ou via Skype (Cilba.Sudef), para mediação da central com o serviço público, ou comunicação direta por vídeo, com outro usuário de libras.