Siga-nos

Sem categoria

Histórico familiar aumenta em 8 vezes risco de desenvolver Síndrome do Pânico

Publicado

em

Leda Sangiorgio

A síndrome do pânico é duas vezes mais frequente em mulheres que nos homens e causa uma série de efeitos físicos e cognitivos

A Síndrome do Pânico (SP) é um transtorno da ansiedade, caracterizado por crises inesperadas de medo recorrentes, ainda que não haja sinal de perigo eminente. Ela atinge duas vezes mais mulheres do que homens e causa uma série de sintomas físicos e cognitivos, que surgem de repente e podem durar entre 10 a 30 minutos.

Entre as consequências da síndrome do pânico, as preocupações excessivas e as mudanças no comportamento são as mais agressivas, pois a pessoa passa a viver em função de evitar a ocorrência de novos ataques. Segundo Carolina Marques, psicóloga e cofundadora da Clínica Estar, isso quer dizer que quem tem um ataque de pânico em um shopping, por exemplo, passa a evitar esse tipo de lugar com medo de sofrer uma nova crise, ou seja, a pessoa passa a sentir “medo de sentir medo”.

De onde vem o medo?
A Síndrome do Pânico foi a condição mais estudada do grupo dos transtornos da ansiedade nos últimos 25 anos, e as “pesquisas indicaram que não existe uma causa específica para ela, mas, uma série de fatores que englobam aspectos socioculturais, ambientais e históricos para o surgimento do quadro.

“Embora não haja consenso entre as pesquisas, acredita-se que o fator hereditário contribui para o desenvolvimento da condição. Isto quer dizer que, se você tem um parente de primeiro grau com o transtorno, seu risco de desenvolver é oito vezes maior do que os que não têm. Além disso, experiências traumáticas na infância e eventos estressantes na vida adulta também estão altamente ligados ao surgimento da síndrome do pânico”, explica Carolina.

Mas, o que de fato acontece na mente das pessoas com esse transtorno?
De acordo com Carolina, um dos sintomas comuns em quem sofre de pânico são as interpretações catastróficas disfuncionais de certas manifestações corporais. Por exemplo, “Se a pessoa começa a sentir dor no peito, muito comum durante uma crise de pânico, tem certeza que terá um infarto, e vai morrer. Naquele momento, a interpretação é de que algo horrível vai acontecer, o que gera ainda mais ansiedade e se torna um ciclo vicioso”, explica.

Não é à toa que os pacientes com transtorno do pânico, antes de serem diagnosticados, são assíduos frequentadores de emergências, urgências e médicos a procura de uma causa orgânica que explique seus sintomas físicos. “A doença causa sofrimento emocional, como também diversos prejuízos na vida da pessoa. Quem tem o diagnóstico do transtorno, costuma faltar mais ao trabalho, usar mais os serviços de saúde, apresenta uma taxa maior de ideação suicida ou ainda de tentativas de suicídio, assim como isolamento social progressivo e empobrecimento das relações sociais”, diz a psicóloga.

Crise de pânico x Transtorno do Pânico
Embora seja uma condição grave, que requer tratamento e controle de forma contínua, é preciso conscientizar a população sobre a diferença de ser diagnosticado com SP e ter apenas uma crise de pânico de forma isolada. Estima-se que cerca de 20% da população teve ou terá uma crise pânico isolada ao longo da vida, portanto elas são comuns.

Já a prevalência da síndrome do pânico é menos comum, afetando em torno de 1,6% da população. “Somente um profissional pode realizar o diagnóstico, que precisa seguir uma série de parâmetros”, diz Carolina.

Para a psicóloga, a grande diferença de uma crise de pânico isolada para uma crise ligada ao transtorno, é que na síndrome do pânico o medo é tão grande que a pessoa evita de todas as maneiras as situações que desencadeiam as crises, com prejuízos importantes na vida pessoal, profissional e acadêmica. Uma crise isolada de ansiedade pode ser tão grave quanto, porém, o que muda é a relação com a morte, que nem sempre está presente, bem como a evitação de novas crises.

Tratando o medo
Habitualmente, o tratamento da síndrome do pânico é feito de duas formas: com psicoterapia e medicamentos, sendo que o objetivo é eliminar ou reduzir o número de crises, e sua intensidade. Ambos têm se mostrado bastante eficientes, de acordo com Carolina.

“A psicoterapia é, geralmente, a primeira opção para o tratamento da síndrome do pânico. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é a mais estudada e, comprovadamente, tem efeitos benéficos, em longo prazo. Ela poderá ajudar o paciente a entender os ataques de pânico, a como lidar com eles no momento em que acontecerem e como ter uma vida cotidiana normal, sem medo de ter uma nova crise, conclui Carolina.