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Ficção e realidade, com toque de teoria conspiratória, compõem a trama eletrizante de A Santa Aliança

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O terceiro livro de A. J. Kazinski, pseudônimo da dupla de escritores dinamarqueses Anders Rønnow Klarlund e Jacob Weinreich, é um romance policial cujas personagens secundárias são as famílias reais europeias, que lutam para manter seus privilégios e restaurar a monarquia.

ficcao-e-realidade-com-toque-de-teoria-conspiratoria-compoem-a-trama-eletrizante-de-a-santa-alianca-01Será possível que uma sociedade secreta formada pelos membros das monarquias europeias estivesse atuando nos bastidores da democracia, à margem das leis, manipulando as cordas da política e mantendo assim os seus poderes e privilégios? Pois os autores dinamarqueses Anders Rønnow Klarlund e Jacob Weinreich, sob o pseudônimo A. J. Kazinski, partiram justamente dessa premissa conspiratória para construir a trama de “A Santa Aliança”, o terceiro livro da dupla.

O fato histórico é que em 1815 as famílias reais da Rússia, Prússia e Áustria firmaram um acordo de cooperação mútua com o objetivo de defender os seus interesses monárquicos e cristãos do avanço das ideias republicanas e iluministas que se espalhavam pela Europa na época. O tratado ficou conhecido como A Santa Aliança.

O que a jornalista Eva Katz, protagonista do thriller “A Santa Aliança”, irá descobrir é que a aliança continua ativa, com poder, e muito perigosa. A história tem início quando Eva, recém-viúva de um soldado morto no Afeganistão, demitida do jornal onde trabalhava e emocionalmente desestruturada, é contratada para trabalhar como ajudante de cozinha em uma creche tradicional de Copenhague. No primeiro dia de trabalho, fica intrigada com o desenho de uma das crianças, Malte, que retratava um provável assassinato. A mãe do menino, Helena Brix Lehfeldt, é dama de companhia da princesa consorte da Dinamarca, cujo irmão, Christian Brix, havia acabado de se suicidar.

Com a suspeita de que o menino fora testemunha do crime, Eva resolve buscar a verdade e, sem saber, acaba envolvida numa trama complexa, permeada de pessoas dispostas a matar para que a verdade não venha à tona. A jornalista vira o principal alvo de Marcos e David, dois agentes a serviço da Instituição, organismo cuja função é servir à Santa Aliança e trabalhar para a manutenção dos privilégios das casas reais de toda a Europa.

A palavra “Instituição” pode resumir bem a verdadeira batalha que Eva precisa enfrentar. Alvo de preconceito e desconfiança, a jornalista enfrenta o tradicionalismo das muitas “instituições” da sociedade dinamarquesa. É impedida de receber a indenização pela morte de Martin, seu companheiro, porque não era formalmente casada com ele. Herdou somente as dívidas da casa que haviam comprado. A chefia da tradicional creche em que vai trabalhar nutre uma especial desconfiança por ela ser jornalista. Colegas e ex-colegas de trabalho a desprezam por ser uma mulher bonita. Com a ajuda de um antigo professor da faculdade – que também a havia desprezado antes –, Eva vai aos poucos superando seus antigos medos e frustrações profissionais e pessoais enquanto tenta investigar os acontecimentos.

Mesclando dados reais e especulação ficcional, os autores constroem um thriller histórico de ritmo acelerado, linguagem ágil, personagens hiper-realistas, capítulos curtos e muitas reviravoltas, que praticamente impedem que se largue o livro antes de se chegar ao fim. Eles também demonstram ter um grande conhecimento da história das monarquias europeias e usam isso não só a favor da verossimilhança da trama como também para fazer uma crítica enfática ao seu tradicionalismo conservador, patriarcal, à vida nababesca e perdulária que levam, bem como o fato de esconderem as suas falcatruas e ainda influenciarem a política europeia para manter os seus privilégios.

O romance de estreia da dupla A. J. Kazinski “O último homem bom” é um best-seller que teve seus direitos de venda comercializados para mais de vinte países. O segundo livro, “O sono e a morte”, também foi muito bem recebido entre os aficionados por thrillers envolventes. Com “A Santa Aliança”, os autores confirmam a sólida qualidade literária que alcançaram em seus trabalhos anteriores.

Sobre o autor:
A. J. Kazinski é o pseudônimo dos escritores dinamarqueses Anders Rønnow Klarlund e Jacob Weinreich, que colaboram pela segunda vez numa produção literária. Seu dois primeiro livros, “O último homem bom” e “O sono e a morte”, foram publicados pelo Tordesilhas em 2012 e 2013, respectivamente.

FICHA TÉCNICA:
Título: A Santa Aliança
Autor: A. J. Kazinski
Tradução: Mário Vilela
Formato: 16 x 23
Edição: 1a, 2016
Nº de Páginas: 488
Acabamento: P&B, brochura com orelhas
Preço: R$ 49,90