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Falta de sono na infância impacta no aprendizado e aumenta risco de transtornos mentais
Leda Sangiorgio
Muitas crianças hoje em dia apresentam dificuldades para dormir e isso tem um impacto importante no desenvolvimento global. Segundo Dra. Karina Weinmann, neuropediatra e confundadora da NeuroKinder, clínica dedicada ao desenvolvimento infantil, a privação do sono nas crianças impacta diretamente no neurodesenvolvimento, gera mudanças de comportamento e afeta o desempenho escolar
A neuropediatra explica que o organismo da criança se desenvolve até por volta dos 20 anos de idade. Nesse período a necessidade de sono é maior que a de um adulto. “Durante a infância e a adolescência, o sono ajuda na formação dos tecidos e dos órgãos, entre eles o cérebro. Com isso, há aumento importante da chance de desenvolver doença mental na fase adulta, há maior episódios de sonambulismo, cansaço, depressão e insegurança emocional, explica a médica.
A neuropediatra explica ainda a falta de sono eleva os níveis de cortisol, hormônio relacionado ao estresse, podendo gerar quadros de irritação, agitação e ansiedade. O cortisol aumentando também está relacionado a uma maior probabilidade de desenvolver obesidade e diabetes.
“Do ponto de vista físico, devemos lembrar que crianças que não dormem apresentam redução na produção do GH, hormônio do crescimento, impactando na estatura e crescimento. Além disso, há queda da imunidade, com risco maior de contrair gripes, resfriados e outras doenças virais”, diz a médica.
“Quando avaliamos os efeitos da falta de sono no cérebro, devemos levar em conta o impacto na memória e na atenção, que são fundamentais para o aprendizado escolar. Um sono ruim também afeta o comportamento na escola e em casa, deixando as crianças mais irritadas, agressivas e agitadas”, afirma Dra. Karina
“Podemos notar que a privação do sono das crianças tem relação direta com o estilo de vida atual. A resistência em dormir é reflexo do comportamento dos adultos que gera um ambiente inapropriado para a criança, afetando o sono”, explica Dra. Karina.
“Sabemos que hoje a maioria dos pais trabalha fora e chega em casa na hora em que as crianças deveriam estar dormindo ou pelo menos deveriam começar a rotina do sono. Naturalmente, os pais querem aproveitar os filhos, conversar, brincar, comer e acabam impondo um ritmo impróprio para a criança”, diz a neuropediatra.
Como melhorar a qualidade do sono das crianças
Você já ouviu falar em higiene do sono? São medidas que ajudam a melhorar a qualidade do sono. E isso vale também para as crianças. Veja abaixo as dicas dadas pela neuropediatra:
– A criança precisa de uma rotina na hora de dormir e isso inclui o horário. Crianças devem dormir entre 19h e 20h
– Coloque o pijama, escove os dentes e coloque a criança na cama ou berço, que devem ser seguros e apropriados de acordo com a faixa etária
– Apague as luzes e aparelhos eletrônicos. Lembre-se que a casa precisa estar no ritmo de “dormir”, não só a criança
– O quarto deve estar escuro e em uma temperatura agradável
– Não dê alimentos açucarados e nem com cafeína no mínimo 3 horas antes do horário da criança dormir
– É importante que a criança esteja bem alimentada, limpa e com roupas confortáveis
– A cama é o lugar de dormir, portanto nunca a use como espaço para brincar
– Escolha uma objeto de transição (bonecas, ursinho, naninha, etc.) para fazer companhia na hora de dormir
– Leia alguma história calma e própria para a hora do sono, sem excitar demais a criança
– Faça a criança dormir no quarto dela. O simples fato de descolocar a criança após ter adormecido pode ser suficiente para despertá-la
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