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Clima favorável e uso de tecnologia resultam em safra recorde de soja

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Carol Silveira | Leila Justo

Produtividade é a maior já registrada no País, segundo dados do Rally da Safra 2017

Apresentação dos dados do Rally da Safra 2017 | Foto: Marcos Campos

Apresentação dos dados do Rally da Safra 2017 | Foto: Marcos Campos

A combinação de boas condições climáticas com o uso intensivo de tecnologia criou o cenário ideal para o desenvolvimento da maior safra de soja já registrada no Brasil. O Rally da Safra 2017, principal expedição para monitoramento da safra de grãos no Brasil, aponta que a produção de soja deverá alcançar 113,3 milhões de toneladas, volume 18% superior ao registrado na safra passada, de 96,3 milhões de toneladas. A área plantada mostrou aumento de 2%, saindo de 33,3 milhões de hectares para 33,9 milhões de hectares.

E o que mais chamou a atenção dos técnicos do Rally foi a produtividade recorde de 55,8 sacas por hectare – contra 48,2 sacas por hectare na safra passada – consolidando os indícios apresentados no campo na edição do ano passado. “Na época, o clima não permitiu que as lavouras atingissem todo seu potencial produtivo. Este ano, as chuvas ocorreram mais cedo e foram constantes durante toda a safra, e os produtores aproveitaram para plantar cedo e colher sem atropelos na maioria dos Estados”, diz André Pessôa, coordenador geral do Rally da Safra e diretor da Agroconsult, organizadora da expedição.

Além do clima, os técnicos do Rally detectaram em campo sinais claros de boa nutrição das plantas, como reflexo da relação de troca de insumos bastante favorável ocorrida no ano passado, quando foram adquiridos os fertilizantes utilizados nas lavouras; baixa incidência de pragas e doenças, que também pode ser associada à melhoria significativa das práticas de controle fitossanitário; e ampliação significativa da presença de materiais genéticos altamente produtivos, como as variedades Intacta, RR e mesmo as convencionais. “A consolidação da Intacta como principal tecnologia em soja, ultrapassando mais da metade da área plantada, reduziu a pressão de lagarta inclusive n as lavouras que não usaram essa tecnologia”, afirma Pessôa. Já a baixa pressão de ferrugem foi reflexo das condições climáticas e da melhoria significativa dos níveis de manejo, com clara eficiência dos fungicidas.

Outro fator que chamou a atenção durante a safra foi o bom andamento da colheita em quase todas as regiões, exceto durante um período muito chuvoso no Oeste e Norte do Mato Grosso no final do mês de janeiro. Isso ocorreu mesmo diante de uma safra tão grande, devido à adequada disponibilidade de colheitadeiras, fruto dos investimentos dos últimos anos.

A logística também foi um fator positivo na safra 2016/17 de soja, pois, mesmo com a colheita acontecendo mais cedo este ano, os meses de janeiro, fevereiro e março registraram volumes recordes de exportação sem que houvesse episódio de gargalo generalizado, com exceção de uma semana de interdição da BR 163 em direção ao porto de Miritituba.

Outro ponto de destaque para o desempenho de produtividade foi o peso de grãos registrado em todas as regiões, resultante do clima adequado, sobretudo a predominância de dias quentes com noites mais amenas, aliado ao uso de tecnologia. Diversos Estados estão batendo recordes de produção, sendo que três atingiram, pela primeira vez, a média de 60 sacas por hectare – Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Além desses, há recordes no Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.

Ponto marcante desta safra, mesmo sem registro de recordes, foram os Estados que integram o Matopiba, que registraram maior recuperação diante da forte quebra de produtividade do ano passado. No Maranhão, a produtividade aumentou 91%; na Bahia, 50%; Piauí, 157%; e Tocantins com 61%. “Houve seca no início de janeiro, mas com o retorno das chuvas em fevereiro, as produtividades foram recuperadas e esses Estados mostraram uma safra dentro dos padrões normais. Parte do Oeste baiano teve escassez de chuvas em março e em razão disso as produtividades serão ainda satisfatórias”, complementa o coordenador do Rally.

A colheita antecipada permitiu a boa implantação da safrinha de milho até a segunda quinzena de fevereiro no Mato Grosso e em Goiás, o que oferece perspectiva positiva para a cultura, com aumento da chance de maior produtividade. “Essa é uma safra espetacular de soja, que confirma a expectativa dos técnicos nos dois últimos rallies de que haveria mudança no patamar de produtividade das lavouras brasileiras”, conclui Pessôa.

Eventos Regionais e Etapa Safrinha
A partir desta segunda-feira, dia 03 de abril, os técnicos voltam aos Estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul para 9 eventos regionais com produtores em abril e 5 em agosto. Nesses encontros, analistas e técnicos apresentam estimativas e avaliam o mercado de soja e milho no Brasil, que contarão também com palestras técnicas com os patrocinadores.

Após percorrer os principais Estados produtores de soja entre janeiro e março, com oito equipes, a expedição voltará a campo no mês de maio para avaliar o milho segunda safra. Três equipes técnicas vão verificar as condições das lavouras do cereal. Entre os dias 08 e 26 de maio os técnicos estarão no Mato Grosso, em Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná. Ao todo, durante o Rally da Safra 2017, 11 equipes vão rodar um total aproximado de 95 mil quilômetros.

Organizado pela Agroconsult, o Rally da Safra 2017 está na 14ª edição com patrocínio do Banco Santander, Bayer, Monsanto, Pirelli, VLI, Volkswagen, Yara e com apoio da Agrosatélite, FIESP, Fundação Agrisus e Universidade Federal de Viçosa (UFV).