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Agricultores do Oeste da Bahia falam sobre sucessão familiar

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Rassana Milcent | Ascom Aiba

01Com famílias que se instalaram na região há aproximadamente 30 anos, o Oeste da Bahia possui hoje uma agricultura consolidada, mas que inicia um novo ciclo. Pensando na continuidade e na sustentabilidade do negócio, os agricultores já começam a preparar o processo sucessório dentro de seus grupos familiares. Nesse cenário, foi realizado, na última terça-feira, 11, em Barreiras, o XX Fórum de Lideranças B+, com o tema “Desafios do Agronegócio – A caminho da gestão profissional”, que teve como palestrantes o produtor rural e vice-presidente da Aiba, Odacil Ranzi, e o consultor Renato Bernhoeft.

Diante de agricultores e empresários, Odacil Ranzi relatou como foi feito o processo sucessório dentro do grupo Passo Fundo, do qual é sócio. Segundo ele, com a chegada dos herdeiros para trabalhar no grupo, os sócios perceberam a necessidade de organizar a sucessão patrimonial. Assim, em 2011, eles contrataram uma empresa especializada no assunto para orientar, definir regras de governança e formalizar a sucessão. Cada sócio fundou uma empresa com os filhos, em seguida criaram uma holding que administra as três empresas. O trabalho só foi concluído três anos depois de iniciado. “Passamos longos períodos conversando, tentando chegar a um consenso sobre a melhor estrutura organizacional e hoje, já está tudo definido. O diálogo franco e sincero é o mais importante para se chegar a um entendimento”, relatou Ranzi.

A afirmação de Ranzi foi partilhada pelo consultor Renato Bernhoeft que apresentou dados que apontam a falta de diálogo como o principal responsável pelo fim das empresas no Brasil. Segundo ele, cerca de 70% dos grupos familiares desaparecem devido a conflitos internos provocados pela disputa de poder ou pela falta de preparo dos herdeiros diante da necessidade de lidar com uma estrutura administrativa societária. Para Bernhoeft, iniciar o diálogo dentro da família é o primeiro passo para uma sucessão patrimonial tranquila. “Não basta profissionalizar a empresa, é indispensável profissionalizar a família que precisa se tornar uma família empresária”, disse o consultor acrescentando ainda que “não basta preparar os herdeiros para serem técnicos, eles precisam ser preparados para serem sócios”.

Um grande desafio, para Bernhoeft, é manter o jovem no campo e interessado nos negócios da família. Dessa maneira, ele orienta que, para formar um sucessor, é preciso não proporcionar facilidades e conquistas; criar e manter na família a cultura individual e preparar os filhos para serem sócios.

O consultor explicou ainda que cada nova geração necessita de um processo sucessório independente, uma vez que já terão surgido outros membros na família, um novo cenário e outros valores. “A primeira geração se vincula pelo trabalho e a segunda pelo capital. Para perpetuar a empresa, é preciso criar uma estrutura organizacional com cargos e funções definidos”, concluiu Bernhoeft.

Uma nova geração – Na plateia, Carolina Zuttion, ouvia tudo com muita atenção. Filha de produtores rurais e formada em Agronomia, ela retornou há um ano e meio para a cidade onde vivem os pais e já está trabalhando no grupo da família. “Eu escolhi fazer Agronomia. Fui estudar fora com a consciência de que voltaria para trabalhar”, relatou Carolina. Além do conhecimento científico, ela está trazendo modernidade aos negócios da família e hoje, é responsável pela implantação de um software de gestão que vai facilitar a administração do grupo.

Já Isabela Busato, também filha de agricultor, está concluindo o curso de Agronomia com a consciência de que precisará atuar na empresa da família onde houver maior carência. “Penso em trabalhar com a área de produção, mas se a parte administrativa precisar de mim, eu irei”, disse Isabela.

Juntas, Carolina e Isabela fazem parte da nova geração de agricultores do Oeste da Bahia, que trazem modernidade e vigor a estrutura empresarial dos grupos familiares, porém sem esquecer o valor do conhecimento dos pais e da história de luta deles.