Mundo
Escândalo da Petrobras é destaque em Europa
Sandra Cristina – correspondente na Espanha
O jornal espanhol El País destaca hoje o escândalo da Petrobrás com a frase: Rousseff coloca presidente do Banco do Brasil à frente da Petrobrás, e segue a notícia informando que depois de se conhecer toda a manobra, as ações da empresa caíram em 7%.
De acordo com o jornal, o encarregado de reerguer a petroleira Petrobrás, a maior empresa da América Latina, envolvida em um escândalo de corrupção que fez com que a empresa perdesse quase dois terços de seu valor, será Aldemir Bendine, de 52 anos, até agora presidente do Banco do Brasil, um dos maiores bancos públicos brasileiros. Bendine, informa El País, substituirá a Graça Foster, que estava à frente da empresa estatal até que essa semana se fez público que a presidenta brasileira Dilma Rousseff, havia decidido destituí-la.
Segundo apurou o jornal espanhol, Rousseff sugeriu o nome de Bendine ao conselho de administração da Petrobrás que, reunido nesta sexta-feira, aceitou a proposta. Agora, este especialista no setor financeiro terá que demostrar que sabe manejar também o atualmente complicado mundo do petróleo. Não só isso, Petrobrás, atravessa um período tormentoso, corroída por uma investigação judicial que sacode o Brasil, informa o jornal.
A notícia que chega à Espanha é que o mercado não acatou muito favoravelmente o nome do novo presidente. Por outro lado, as ações caíram em 7% depois de ser divulgado o nome do futuro homem forte da petroleira. Os analistas são unânimes em dizer que Bendine sempre teve uma boa relação com os políticos que se encontravam acima dele, o que levaria Dilma a indicar alguém dócil que aceitará as diretrizes que cheguem do governo.
Esses mesmos especialistas, segundo El País, informam que Bendine não aparecia nas primeiras filas, o que, em princípio, indica que para Dilma Rousseff foi difícil encontrar um candidato disposto a colocar-se à frente de uma empresa que está atualmente na mira internacional de todos os jornais.
Análise:
PETROBRÁS Titanic político de Dilma
Petrobrás, que foi uma das maiores e mais prestigiosas petroleiras do mundo, considerada a joia da coroa da indústria brasileira, está se convertendo no Titanic político da presidente Dilma.
A ironia da historia é que a ex guerrilheira e economista Rousseff entrou com força na política do petróleo chegando a ser, no primeiro governo de Lula, a ministra de Minas e Energia, com responsabilidade direta sobre a Petrobrás, para substituir José Dirceu, quem por certo acabou na prisão por outro escândalo de corrupção, o denominado Mensalão, que consistia , em poucas palavras, em compra de votos de deputados.
A dúvida agora é: se à deriva, a companhia arrastará a mandatária, já que foi a Presidenta que colocou à frente da maior empresa pública da América Latina a sua amiga e antiga colaboradora Graça Foster.
A intenção, segundo dizia Dilma, era de conferir um caráter mais técnico e menos político a esta empresa. Se suspeitava já, ou já sabia que a Petrobrás havia se convertido em fonte de ingressos ilegais do PT e de vários partidos políticos afins à base de manobras corruptas e subornos?
Agora, três anos depois, ante as evidências de um escândalo que fez a petroleira a perder 60% de seu valor, pressionada pela oposição, opinião pública e mercados, decidiu destituir Foster junto com toda cúpula diretiva.
Demasiado tarde? Ninguém é capaz de profetizar, porque tanto a Polícia Federal como os juízes seguem implacavelmente interrogando e mandando para a prisão ex altos cargos da Petrobrás e de outras grandes empresas acusadas de haver organizado juntos uma grande festa de corrupção em torno da empresa, calculado em 4 milhões de dólares (3.484 milhões de euros).
Se a gangrena que corrói a Petrobrás é tão grande como parece, sua historia será, sem dúvida, similar a do Titanic, que afundou junto com o seu capitão.
Resta saber se Dilma Rousseff, com fama de intervencionista, deixará às mãos livres a nova equipe para mover o bisturi com total liberdade e devolver assim à Petrobrás a sua independência técnica e comercial, sem a mão oculta da política que a usa para fins pouco republicanos.
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