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Brasil

MIL DIAS DO GOVERNO BOLSONARO:
O que o brasileiro tem a comemorar?

Crise institucional, desemprego, alta dos preços e uma desastrosa gestão no combate à pandemia tem sido a marca da era bolsonarista…

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Bolsonaro

Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro | Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

O governo do Presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), atingiu a marca dos mil dias completos nesse domingo (26), mas será que o povo brasileiro tem o que comemorar? A vitória nas urnas de um candidato de extrema-direita, onde conquistou a confiança de 57,7 milhões dos eleitores, ao ter o poder da caneta na mão, mudou negativamente a vida do povo brasileiro, além de transformar o Governo Federal em um permanente comitê de crise.

Alçado ao poder com um discurso de mudanças econômicas, políticas, morais, culturais e religiosas, além de pôr fim à polarização entre PT e PSDB, reinante no país desde o início dos anos 1990, na prática a realidade tem sido bem diferente.

Em termos gerais, o governo Bolsonaro é marcado pela gestão desastrosa no combate à pandemia da Covid-19, além da triste marca de quase 600 mil mortes. Colapso na economia que vem refletindo significativamente na vida da população, com os preços dos alimentos nas alturas, reiterados aumentos do combustível e das contas de energia elétrica.

E nesse “emaranhado de problemas”, Bolsonaro, vez por outra, aproveitava para fazer ataques constantes contra a democracia e imprensa, ao falar com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada. Esse comportamento que vai de encontro a liturgia do cargo, contribuiu para piorar a imagem do presidente e gradativamente foi minando a harmonia entre os três poderes.

Para agravar esse cenário, Bolsonaro abusou de discursos misóginos, racistas e LGBTfóbicos, além da grave crise ambiental com a Amazônia em chamas.

GESTÃO DA PANDEMIA À BASE DE FAKE NEWS

Como se não bastasse as várias trocas no Ministério da Saúde, somente na sua gestão foram quatro (Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich, Eduardo Pazuello, Marcelo Queiroga), o próprio Bolsonaro foi o principal responsável por boicotar a pasta. Não deu exemplo em várias situações ao usar máscara, contribuiu com aglomerações e o pior disseminou fake news sobre o uso de medicamentos cientificamente ineficazes no combate a Covid-19, como a cloroquina e a ivermectina.

Para agravar a crise na saúde, deu declarações desastrosas com relação às milhares de mortes pela pandemia e demorou para comprar os imunizantes e dar início a campanha nacional de vacinação.

CAOS NA ECONOMIA

Ao longo dos mil dias do governo Bolsonaro, o Ministério da Economia transita entre o universo da expectativa e a realidade. A previsão era de se realizar reformas estruturantes, privatizar estatais, reduzir o desemprego. No mundo real, apenas a reforma da Previdência, com perdas significativas ao trabalhador, foi aprovada. Novas empresas públicas foram criadas e nenhuma foi vendida. O desemprego no país disparou e as pessoas em situação de vulnerabilidade aumentou.

A vida do brasileiro que já não era fácil, piorou durante a pandemia de Covid-19. Se no primeiro biênio de gestão o país conseguiu entregar inflação dentro das faixas da metas do Banco Central, em 2021 ela deverá ficar acima do dobro. O IPCA-15 já passa de 10% em doze meses, e a previsão é que feche o ano em 8,35%, superando o centro da meta, de 3,75%, e a margem, de até 5,25%.

ATAQUES À DEMOCRACIA

Uma das marcas do governo Bolsonaro tem sido os constantes ataques à harmonia entre os poderes. Ofensas disparadas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), ataques infundados ao sistema eleitoral brasileiro, aos jornalistas.

RECORDES DE QUEIMADAS

Nesses mil dias, o governo do Presidente Jair Bolsonaro só destinou R$ 61,8 milhões para prevenção, combate e fiscalização de incêndios florestais em 2020, que registrou recordes de queimadas na Amazônia e no Pantanal. É o equivalente a 35,6% dos R$ 173,8 milhões destinados às medidas.

Por todo esse cenário, a única razão para comemorar os mil dias de governo do Presidente Jair Bolsonaro é o fato de que já passou metade do tempo de mandato. Ou seja, se aproxima o fim da era bolsonarista. E, pelas pesquisas de intenção de voto, sua reeleição está cada vez mais distante.