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Deflação em junho impulsiona perspectiva de corte de juros no Brasil, apontam especialistas

Analistas destacam que cenário favorável, com inflação próxima da meta, indica possível redução da taxa Selic

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Corte de juros

Pessoa segurando notas de 100 reais em meio à perspectiva de corte de juros no Brasil | Foto: Sandro Menezes

O Brasil registrou uma deflação de 0,08% em junho, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (11). Essa queda nos preços reforça a perspectiva de um cenário favorável para a redução da taxa de juros no país, segundo especialistas ouvidos pelo g1.

Os analistas destacam que não há mais motivos para a manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano, uma vez que as expectativas para a inflação de 2023 estão muito próximas da meta estabelecida pelo Banco Central (BC).

Além da deflação observada em junho, a inflação acumulada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 12 meses é de 3,16%, o que representa uma forte desaceleração em relação ao valor de 11,89% registrado há um ano.

As projeções do mercado financeiro para a inflação brasileira em 2023 vêm caindo consistentemente nos últimos meses. Segundo o Boletim Focus, relatório do Banco Central que reúne as estimativas de economistas, o IPCA deve encerrar este ano com uma alta de 4,95%.

Essa oitava queda consecutiva nas projeções indica que, se as expectativas se concretizarem, a inflação estará muito próxima da meta do BC, que é de 3,25%, podendo oscilar entre 1,75% e 4,75%.

Diante dessa desaceleração da inflação e da convergência em direção à meta, especialistas afirmam que o ambiente é favorável para o início do corte da taxa Selic, que é a taxa básica de juros. Diversos fatores contribuem para essa perspectiva positiva:

1. O Brasil iniciou o ciclo de alta dos juros antes de outros países, o que permitiu trazer a inflação para próximo da meta enquanto eles ainda enfrentam pressão nos preços.

2. A desaceleração da inflação no último ano foi impulsionada pela redução dos preços dos combustíveis. Embora haja a volta da tributação em julho, a queda no valor do petróleo no mercado internacional deve compensar esse impacto.

3. Não há fatores internos ou externos no radar que indiquem um aumento significativo nos preços até o final do ano, o que deve manter a inflação próxima da meta do BC.

4. O arcabouço fiscal apresentado pelo governo traz mais estabilidade para o mercado e ajuda a ancorar as expectativas de inflação, uma vez que indica um controle mais rígido dos gastos públicos.

5. A desvalorização do dólar no Brasil e no mundo contribui para manter os preços controlados no país.

O ciclo de alta dos juros já cumpriu seu papel, destacam os especialistas. O objetivo de elevar os juros é conter a inflação, e o Brasil iniciou esse processo há cerca de dois anos, elevando a taxa Selic de 2% para os atuais 13,75% ao ano.

A estratégia adotada pelo Banco Central, embora leve um tempo para ser sentida pela população, tem resultado em uma inflação menor do que as expectativas iniciais. Portanto, os especialistas acreditam que o momento é propício para o início dos cortes na taxa de juros.

Na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em agosto, espera-se uma redução de 0,50% na taxa Selic, de acordo com Reginaldo Nogueira, diretor do Ibmec e PhD em Economia. Além disso, novos cortes são esperados nas outras três reuniões do Copom em 2023.

As expectativas para a inflação corroboram essa perspectiva. O IPCA do primeiro semestre de 2023 ficou abaixo das previsões iniciais, levando os economistas a revisarem suas projeções para o ano. Não há indicativos de fatores que possam impulsionar uma nova alta na inflação, o que fortalece a expectativa de que ela encerre o ano próximo ao teto da meta do BC.

O arcabouço fiscal proposto pelo governo, aliado à queda do dólar e ao controle dos preços dos combustíveis, contribuem para manter as expectativas de inflação controladas. Esses elementos combinados reforçam a possibilidade de cortes na taxa de juros no Brasil, trazendo benefícios para a população e atraindo investimentos estrangeiros.

Fonte: G1