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Das 10 cidades com maiores taxas de violência policial, metade está na Bahia

Explore o aumento preocupante das fatalidades policiais na Bahia , destacando Jequié como epicentro e a influência de facções.

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taxas de violência policial na bahia

Taxas de violência policial na bahia | Foto: internet / Divulgação

A mais recente edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicada em 18 de julho de 2024, destaca um preocupante aumento nas fatalidades resultantes de ações policiais no Brasil, com uma concentração significativa no estado da Bahia. Em 2023, a Bahia testemunhou um recorde de 1.699 fatalidades devido a ações policiais, marcando um aumento de 15,8% em relação ao ano anterior. Esse aumento destaca os desafios contínuos na gestão da conduta policial e na garantia da segurança pública.

Entre as cidades com mais de 100 mil habitantes, metade das dez com as maiores taxas de fatalidades relacionadas à polícia está localizada na Bahia. Jequié, uma cidade no interior da Bahia, registrou a maior taxa com 46,6 mortes por 100 mil habitantes, superando significativamente a média nacional de 3,1. Esta cidade também experimentou uma porcentagem maior de mortes relacionadas à polícia em comparação com mortes por crimes como homicídio ou roubo, com a taxa local em 55,2% versus a média nacional de 13,8%.

A presença de grandes facções criminosas como o PCC (Primeiro Comando da Capital) e o Comando Vermelho em Jequié foi identificada como um fator importante que contribui para essas altas taxas. Segundo David Marques, coordenador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a posição geográfica estratégica de Jequié ao longo de grandes rodovias desempenha um papel crucial nessa dinâmica, onde grupos criminosos se alinham com facções locais, muitas vezes resultando em uma resposta violenta da polícia.

A situação na Bahia atingiu um ponto crítico no segundo semestre de 2023 com várias operações policiais levando a múltiplas baixas. Notavelmente, de 28 de julho a 1º de agosto, 19 fatalidades foram registradas em apenas cinco dias em Salvador, Itatim e Camaçari. Essas operações, voltadas para o combate a facções criminosas, foram seguidas pela criação da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco) pela Secretaria de Segurança Pública do Estado e pela Polícia Federal em 11 de agosto.

Em resposta a esses incidentes, o governo da Bahia iniciou um plano para reduzir a letalidade policial. No entanto, o plano foi criticado por falta de envolvimento significativo da sociedade civil. Uma audiência pública foi convocada em outubro para discutir e reunir contribuições da comunidade sobre o plano, enfatizando a necessidade de medidas mais inclusivas e eficazes.

Apesar desses esforços, os desafios persistem. A Bahia continua sendo um ponto focal para discussões sobre violência policial e segurança pública, destacando a necessidade de avaliação e reforma contínuas. O governo da Bahia reconheceu a gravidade desses problemas e está trabalhando ativamente para melhorar a situação, evidenciado por uma redução de 13% nas mortes violentas no primeiro semestre de 2024.

Este cenário em curso sublinha a necessidade crítica de reformas que aumentem a transparência, a responsabilidade e a eficácia na aplicação da lei, garantindo que os esforços para combater o crime não aumentem inadvertidamente o risco para a segurança pública.

O que diz o governo da Bahia

Ponte procurou a assessoria da Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) sobre os indicadores. Em nota, a SSP-BA afirmou que investe em tecnologia, inteligência, equipamentos, capacitação e reforço dos efetivos para combater organizações criminosas. Também escreveu que houve redução nos indiciadores de mortes violentes no primeiro semestre deste ano (13%).

Leia nota na íntegra

A Secretaria da Segurança Pública da Bahia destaca que são constantes os investimentos em tecnologia, inteligência, equipamentos, capacitação e reforço dos efetivos, com o objetivo de combater as organizações criminosas que violentam as comunidades. As forças de segurança atuam com rigor, dentro da legalidade e com firmeza contra grupos criminosos envolvidos com tráficos de drogas e armas, homicídios, roubos e corrupção de menores.

O estado apresenta uma expressiva redução de 13% nas mortes violentas no primeiro semestre de 2024. Os meses de maio e junho deste ano foram os que tiveram menos mortes violentas desde a série histórica, iniciada em 2012.

Já nos últimos 18 meses, as ações de inteligência e repressão qualificada resultaram nas prisões de 27 mil criminosos, na localização de 88 líderes de facções, e nas apreensões de 9 mil armas de fogo, entre elas 95 fuzis.