Brasil tem mais de 18 milhões de pessoas com deficiência, segundo IBGE

A Lei 13.146/2015 define que “pessoas com deficiência são aquelas com impedimentos de médio ou longo prazo de naturezas física, mental, intelectual, sensorial e que podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em condições de igualdade com os demais”. De acordo com Elaine Cristina Soares Leite, da Associação de Equoterapia Vassoural em Pontal/SP, cidade vizinha de Ribeirão Preto, “este estatuto existe para assegurar benefícios que abrangem campos diversos como assistência social, mobilidade urbana (acessibilidade, reserva de vagas de estacionamento), saúde (habilitação e reabilitação), trabalho (reserva de vagas em concursos públicos e em empresas privadas), Benefício de Prestação Continuada (BPC – pagamento mensal de um salário mínimo à pessoa com deficiência física, mental, intelectual ou sensorial com impedimentos de longo prazo), atividades culturais (Meia-entrada) entre outros”, ela ressalta.

A vice-presidente, que também é fisioterapeuta na entidade, enaltece que um dos maiores desafios encontrados pela equipe multidisciplinar à frente dos atendimentos dos praticantes de Equoterapia, é o atendimento adequado aos familiares das pessoas com deficiência que, muitas vezes, se desdobram para adaptar a dinâmica familiar de forma a proporcionar as melhores condições ao ente querido, impactando em desgastes emocionais, financeiros e afetivos nos vínculos familiares. Outra questão desafiadora para as pessoas com deficiência atendidas na entidade é a inclusão profissional. Muitos não conseguem se alocar no mercado de trabalho, gerando custos extras aos familiares bem como baixa autoestima, dificuldade de socialização, entre outras perdas significativas.

DEPOIMENTO

O praticante Cleiton Mattos tem 26 anos e é cadeirante há 10 anos, desde que sofreu um acidente de trabalho. Na AEV há dois anos, ele compartilha uma experiência emocionante. “Quando sofremos um acidente, temos receio de atrapalhar as outras pessoas e até mesmo fazer amizades, então, era muito tímido. Antes de frequentar a AEV eu pensava em me reabilitar e voltar a andar, tinha apenas esse foco. Contudo, a partir do momento que comecei a Equoterapia, o desafio foi me superar a cada dia: hoje consigo fazer minhas atividades gerais sozinho, me relaciono com as pessoas do escritório e grande parte dessa superação é graças ao trabalho de incentivo da fisioterapeuta Elaine! Aqui aprendi que a limitação está na nossa cabeça, ainda sou um pouco tímido, mas tive acesso a oportunidade de me socializar graças a equipe da AEV”

, ele conta, e complementa: “Eu pensava que precisava andar para voltar a trabalhar, não olhava para os lados. Hoje aprendi que é possível procurar um trabalho, interagir com os colegas, ajudar nos projetos da AEV e reconheço que o preconceito estava mais em mim do que nas pessoas”, finaliza o jovem, ressaltando que outro ponto delicado é não ter acessibilidade adequada em locais públicos, como restaurantes, onde não tem mesa adequada para o cadeirante bem como espaços para o trânsito da cadeira de rodas.

Sobre a AEV

A AEV é uma OSC – Organização de Sociedade Civil, fundada em 2003, assistindo de forma 100% beneficente mais de 26 mil praticantes, moradores de 7 cidades: Pontal, Sertãozinho, Ribeirão Preto, Pitangueiras, Viradouro e Cravinhos. O propósito da entidade vai além de receber pessoas com ou sem deficiência, mas sim, traduz-se em acolher famílias, com afeto e dedicação, proporcionando benefícios para a vida social de todos que convivem com o praticante. 

Luciene Gazeta