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Barreiras

ONDAS DA CULTURA:
E que venha o segundo semestre tão esperado… 

Reavivando a chama cultural: Desafios e perspectivas para o segundo semestre no Oeste da Bahia

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Arte e cultura no Oeste da Bahia

Cultura em movimento no Oeste da Bahia: uma região em busca de valorização e espaços adequados para artistas e projetos culturais. Que o segundo semestre traga transformações e oportunidades para a arte florescer | Foto: Arquivo Falabarreiras

Por Maurício Faísca

E que venha o segundo semestre tão esperado para os fazedores de arte e cultura de todo país!.  O que será que está reservado para os fazedores de cultura do Oeste da Bahia? Serão reis e rainhas de um castelo novinho em folha, com propostas coerentes de políticas públicas? Serão valorizados pelas instituições que gostam de fazer dos artistas cereja de bolo, mas não querem pagar o preço da cereja? 

Os artistas serão acolhidos com pautas gratuitas, para apresentarem seus projetos nos espaços e equipamentos de cultura da cidade (Centro de Cultura Rivelino de Carvalho, Escola municipal de Teatro) com suporte técnico profissional? Ou será que, além da pauta, serão contemplados com espaço para fazerem residência artística, no centro de cultura e na escola de teatro, para produzirem seus projetos? Isso seria um sonho realizado, estes espaços passariam ser habitados pela classe artística da cidade e ganharia vida criativa… Sonhar não paga imposto e é necessário, para sobrevivermos a secura da realidade perversa.    

O SESC-BARREIRAS finalmente vai resolver suas questões de baixa participação na cena cultural do Oeste, por conta de uma “licença” que não tem do Corpo de Bombeiros? São aproximadamente 5 anos sem teatro por conta de uma licença, isso não é razoável.  Um equipamento cultural de grande relevância para a região da Bacia do Rio Grande e regiões vizinhas não pode ficar desativado por tanto tempo, sem servir a comunidade. O retorno do teatro seria algo extraordinário de acontecer neste segundo semestre, poderia auxiliar por meio de parceria técnica e oferta de estrutura as políticas públicas  que estão para serem efetivadas no município, com  a chegada dos recursos históricos, oriundos da Lei Paulo Gustavo 

(Lei Complementar nº 195, de 8 de julho de 2022), cerca de R$ 1.441.408,65, maior recurso já repassado ao município. 

A proposta do SESC de ofertar um serviço de qualidade, pelo menos na área de cultura, não está sendo cumprida, muito menos de excelência como é apresentado em sua missão, lá eles dizem que tem a pretensão de contribuir “através de serviços subsidiados e de excelência nas áreas de educação, saúde, cultura, lazer e assistência, colaborando para a construção de uma sociedade mais justa”. A verdade é que se tratando do SESC Barreiras a palavra excelência está muito distante da realidade, com a “interdição do seu Teatro” (maior equipamento cultural da região), o que temos, é paliativos de atividades culturais sendo apresentadas em espaços sem o mínimo de estrutura para acolher projetos interessantes e potentes que vem das diferentes partes da Bahia e às vezes do Brasil.  Por ausência de equipamentos culturais na cidade de Barreiras e na região os projetos são adaptados e precarizados, com isso perdemos a   qualidade estética de concepção dos trabalhos artísticos. 

Um bom exemplo foi a vinda para Barreiras no mês passado do trabalho NAC – HORUC – Filhos da Terra, com a CIA de Dança Robson Correia de Salvador-BA. Foi perceptível a insatisfação do colega de área (Artes cênicas – Dança) por ter sido obrigado a abrir mão de vários elementos que concebiam a proposta do seu espetáculo, o mesmo chegou a verbalizar em um dos encontros, sobre a diferença de qualidade/padrão do SESC Barreiras com as de outras cidades que havia circulado.  O trabalho realmente perdeu muito do seu potencial Estético.  E nós cidadãos do Oeste perdemos a oportunidade de ver um espetáculo profissional, com iluminação cênica dirigida, som bem mixado e com uma boa sala acústica ou seja de vivenciar uma nova experiência. 

A comunicação institucional e das ações culturais do SESC – Barreiras também têm sido insuficientes na mobilização do público, para prestigiarem as atividades da agenda cultural, poucas pessoas ficam sabendo das ações culturais que a instituição promove. Seria importante rever o planejamento de mídia, e de divulgação das ações culturais, objetivando ampliar o alcance e atingir um público significativo.Explorar novos meios e veículos de comunicação, talvez entender que o planejamento de mídia usado na capital, pode não funcionar no interior. 

Outro caminho que pode apresentar bons resultados é estabelecer diálogo com as instituições de ensino, celebrar parceria com os Grêmios e Diretórios Centrais dos Estudantes (DCE), ou até mesmo com as pró-reitorias de extensão das instituições de educação.    

Desejamos que neste semestre haja uma intervenção significativa, já que, a que houve em 2020 por conta do cancelamento do Festival de Teatro do Interior (Prêmio Braskem de Teatro) surtiu muito pouco efeito, mesmo com o deslocamento da gerência estadual de cultura na pessoa do Sr. Plínio Rattes, para uma visita técnica de avaliação dos motivos da interdição e do fechamento do teatro SESC-Barreiras. 

Esperamos que neste segundo semestre essa situação se resolva, nem que para isso tenhamos que receber novamente em nosso município, não somente o gerente estadual Sr. Plínio Rattes, mas também a Ilustríssima gerente Nacional Srª Luciana Dias Salles. Mas é claro que para isso os cidadãos e cidadãs da nossa região necessitam utilizar do seu direito de fiscalização e de denúncia usando os canais da ouvidoria do SESC-BA. É necessário colocar em prática o famoso e bom controle social, para  que as instituições se mobilizem de forma mais célere. Não podemos esperar mais cinco anos para que este equipamento cultural/teatro volte a atender a comunidade do Oeste da Bahia.

Como ter controle social em cultura por meio de uma população que tem pouca ou quase nenhuma consciência da real importância das artes, dos artistas e fazedores de cultura para formação da identidade de seu povo? A questão é que para entender o valor da cultura e das artes é necessário ser formado sensivelmente para compreender suas dimensões. Como tocar pessoas que durante boa parte de suas vidas foram estimuladas a boteco, festa e farra? Como mobilizar pessoas que tocam mais telas durante sua vida toda do que toca pessoas, em atividades culturais de manifestações populares? O ensino de arte nas escolas poderia ajudar as pessoas a se interessarem pela arte e cultura de forma mais diversificada, mas não há interesse social e político para colocar a arte no protagonismo.   

O que ainda presenciamos em nossa sociedade, são pessoas que muitas vezes foram formadas por impostores, que nunca pisaram em uma sala de nenhuma linguagem artística ou vivenciou/experienciou de forma comprometida alguma manifestação cultural, refiro-me às instituições de educação que obrigam colegas “educadores” de outras matérias a lecionarem a disciplina de arte, para completarem  carga horária na escola. Os colegas por conveniência e falta de consciência política e de classe se submetem e assumem a disciplina de forma trágica, reforçando os mais absurdos estereótipos sobre o professor (a) de arte e a matéria, fazendo com que o discente não se interesse pelas artes e nem reserve um espaço na sua vida para estes momentos. 

Este deve ser um dos motivos pelo qual a maioria dos cidadãos e das cidadãs não entendem as diferentes dimensões das artes. Deságua nesta massa deseducada para a apreciação estética, que acredita piamente que entretenimento, arte, artistas, celebridades, famosos e influenceres são as mesmas coisas.  

Podemos ser otimistas e entender que vamos ter a oportunidade de desenvolver projetos artísticos e culturais com o Fomento do Governo Federal, e que poderão despertar na comunidade do Oeste da Bahia o desejo e necessidade de apreciar arte e cultura. Acender esta chama de forma qualificada e estratégica unindo forças com instituições de educação, associações e produtores de cultura,  permitirá que a cena se renove e quem sabe as futuras gerações possam viver em uma outra realidade, mais encantada pela arte.