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Filmes e Séries

Crítica: Os altos e baixos do final de The Umbrella Academy

Uma análise crítica de The Umbrella Academy.

Publicado

em

The Umbrella Academy

 Foto: internet / Divulgação

Cinema – The Umbrella Academy nunca teve a pretensão de ser uma obra-prima, mas sempre soube como cativar seu público com uma mistura peculiar de narrativa excêntrica e personagens desajustados. Desde sua estreia, a série tem sido um exemplo típico do que a Netflix oferece: uma produção tecnicamente competente, com toques de criatividade que a distinguem do mar de mediocridade, mas que raramente atinge o status de excepcionalidade. É uma série que, apesar de suas falhas evidentes, conseguiu criar uma conexão emocional com seus espectadores – algo que, em muitos casos, vale mais do que a perfeição técnica.

A Dualidade de The Umbrella Academy

Desde o início, The Umbrella Academy se equilibrou entre a superficialidade de sua estética “cool” e a profundidade dos conflitos internos de seus personagens. A saga dos irmãos Hargreeves, superpoderosos e traumatizados, ressoava com a juventude desafetada e autoirônica, especialmente aqueles que cresceram em meio ao movimento emocore, tão bem capturado pelo criador Gerard Way em sua banda, My Chemical Romance. No entanto, a série também se aprofundava nas angústias existenciais desses personagens, revelando um cabo de guerra constante entre a superação e a rendição aos seus demônios pessoais.

Essa dualidade, que poderia ser o ponto forte da série, também acabou por se tornar seu calcanhar de Aquiles. O desejo de ser mais do que uma simples história de super-heróis muitas vezes levava a narrativa a se enredar em subtramas desnecessárias e arcos fraturados, que contribuíam pouco para o desenvolvimento geral. Em muitos momentos, a série parecia hesitar entre ser uma aventura fantástica e uma exploração psicológica profunda, sem conseguir integrar essas duas facetas de maneira coesa.

A Última Temporada: Conflitos e Conclusões

A quarta e última temporada da série tenta resolver esse dilema, colocando os Hargreeves frente a uma escolha definitiva: viver uma vida normal, sem poderes, ou continuar a jornada como salvadores do mundo. Essa questão, embora seja um padrão narrativo recorrente, ganha um peso especial ao ser colocada como o clímax da história. Os personagens, que sempre se viram como peças deslocadas em um quebra-cabeça maior, agora enfrentam a pergunta essencial: o que realmente querem para suas vidas?

Apesar dessa carga emocional, a temporada não escapa dos problemas que assombraram a série desde o início. Com pressa para encerrar a trama, os roteiristas entregam uma narrativa inconsistente, cheia de ajustes convenientes de poderes e subtramas sem resolução. A redução do número de episódios parece ter limitado as voltas desnecessárias da trama, mas também resultou em uma conclusão apressada e, por vezes, frustrante.

Um Legado Ambíguo

No fim das contas, The Umbrella Academy é uma série que funcionou melhor quando abraçou suas limitações e se concentrou no que fazia de melhor: explorar os dilemas internos de seus personagens e dialogar com o público através de suas imperfeições. Como os próprios Hargreeves, a série tropeçou ao tentar ser algo além do que realmente era, mas isso não apaga os momentos em que conseguiu tocar em questões humanas profundas e ressoar com seus espectadores.

Enquanto nos despedimos de The Umbrella Academy, é inevitável sentir uma certa saudade. Não porque a série tenha sido perfeita, mas porque, apesar de todas as suas falhas, ela sempre teve algo a dizer – algo que, de uma forma ou de outra, marcou aqueles que a acompanharam até o fim.