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Eles já foram!

Sentimentos se expressam de forma diferente nas pessoas, mas os que ficaram deveriam ser mais percebidos

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Imagem destaque reprodução Treasy

Quem de nós ao olhar atrás não vê um vazio deixado por um ente querido ou outra pessoa que representava parte inerente do seu viver? Mesmo a emoção se escondendo pelo caminho percorrido nesse hiato, é notória nos insights – clareza súbita da mente – melancólicos e saudosistas, tirarem do ar aqueles que por momento se deparam com a realidade da vida sem a presença desses que não estão mais e seriam imprescindíveis para os conduzirem ao sucesso ou a estes compartilhar.

A distância imposta pelo passar do tempo impede o olhar à procura desses inesquecíveis, quase não lembrados e, se lembrados, essa lembrança se transforma em trena mensuradora da angustiante falta de lembrança. Mensura até o egoísmo quando vivenciamos situações saudáveis e emocionantes sem se quer, nesses momentos, lembrarmo-nos daqueles que se deleitariam conosco se ali estivessem.

É! Quem ficou, ficou! Isso não tem importância ou procuramos não dá importância apenas para não ficarmos também? Talvez. Se eles ficaram e nós ficássemos presos a eles, estaríamos também fixados. Mas será que precisamos nos desprender tanto ao ponto de só lembrarmos nos momentos ímpares? Exceções à parte, assim acontece. Sentimentos se expressam de forma diferente nas pessoas, mas os que ficaram deveriam ser mais percebidos, mais presentes e mais citados por aqueles que se apossaram do legado por eles deixados. Claro que, quando esse legado é material, fica evidente e visível essa notoriedade, mas falamos do verdadeiro legado do conjunto de princípios que formam o caráter do cidadão que o conduziu até este momento.

Sinto falta dos que ficaram. De compartilhar tantas realizações de seus próprios sonhos em mim. Olho e vejo que muitas vitórias que alcancei estavam escritas nos sonhos dos meus pais. Uma simples graduação, uma vitória do meu time, do meu jogo de futebol, meu gol. Os risos nos momentos divertidos até por micos fúteis sem prejuízo moral. No nascimento de um filho, num casamento, num divórcio até. No olhar na chegada em casa. Ah! Não há como descrever tudo. Apenas deixo aqui consignado a falta que sinto de não expressar a falta que fazem a aqueles que ficaram. Eu sou o produto do pensar de vocês que se foram, exceto aquilo que não consegui alcançar. Talvez por perder esse link com vocês, tenha perdido os dados que me levariam mais longe e esse longe me deixaria mais perto de vocês – meu Pai, minha Mãe!

Pedro Esdras

7 Comentários

7 Comments

  1. Rondinele

    24 de junho de 2019 às 12:01

    Pedro Esdras é, indubitavelmente, um amigo das palavras.
    Consegue discorrer, com maestria, nos mais variados temas e assuntos.
    Um escritor – em toda a extensão da palavra!

  2. Gilson Souza Figueiredo

    24 de junho de 2019 às 12:29

    Quando lançará o primeiro livro?? Se não já lançou né. Gostei

  3. João Bandeira Prates Júnior

    24 de junho de 2019 às 13:06

    Pedro Esdras nos brinda com mais uma reflexão maravilhosa para nosso engrandecimento intelectual e espiritual.
    Pedro, tu és pedra! Numa época que temos tantos plumitivos é muito gratificante assitir surgir um grande pensador.

  4. Paulo Sergio

    24 de junho de 2019 às 15:13

    Excelente texto para uma leitura reflexiva. Grande Pedro Esdras, tu tens um talento imensurável. Parabéns!

  5. Euma Pires

    24 de junho de 2019 às 20:27

    Os grandes poetas conseguem falar à alma, despertar sentimentos capazes de nos fazer refletir uma vida inteira até o futuro, usando apenas a brevidade de um poema.
    Pedro Esdras, o pouco que conheço sobre a sua brilhante história nos Correios fez de mim sua admiradora sem mesmo conhecê-lo pessoalmente. Não conhecia o seu lado POETA. Também admirável!
    BELAS PALAVRAS!!

  6. Alexsandro Teixeira

    25 de junho de 2019 às 10:10

    Verdade meu amigo Pedro, vivemos num momento muito delicado da história, pois na maioria das vezes as pessoas só são lembradas quando morrem, aí quem sabe, se for uma pessoa bem influente vão batizar um Rua, Praça, Prédios,…. com seu nome. Porém, seu texto nós faz refletir sobre muitas coisas. Dentre elas, valorizar, prestar ainda mais atenção nós detalhes …, de quem está perto. E que sabe, faram o mesmo!

  7. Zenaide Rocha

    26 de junho de 2019 às 21:15

    Parabéns Pedro Esdras! Você é um escritor excelente.

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