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Agro

O trigo cultivado no Oeste Baiano é de qualidade satisfatória?

O cereal é plantado em sistema irrigado com pivô, em rotação com soja, milho e algodão…

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Alta produtividade do grão no Oeste da Bahia | Foto: Marca Studio Criativo

Todos os produtos alimentares, sejam de origem vegetal, animal, sintética ou mineral, apresentam sua qualidade condicionada à qualidade da matéria-prima que lhe deu origem.

Deste modo, não se pode esperar que ocorram “milagres” no processamento industrial, de forma a obter, a partir de matérias-primas desqualificadas, produtos de alto padrão.

A qualidade de uma matéria-prima está relacionada com sanidade, valor nutritivo, características organolépticas, estado de conservação, uniformidade de apresentação e adequação ao processamento industrial a que se destina (aptidão industrial).

Ao contrário de muitas agroindústrias, a indústria do trigo é responsável pela fabricação de uma gama de produtos. O trigo, ao passar pela unidade moageira, é transformado nos produtos farinha, farelo e gérmen. Estes, por sua vez, são considerados matérias-primas das indústrias de produtos finais.

Desta forma, a farinha é utilizada na fabricação de pães, de massas e de biscoitos, participa de formulações industriais de outros tipos de alimentos, é empregada na fabricação de cola e possui inúmeros usos domésticos.

O farelo é empregado como ingrediente nas fábricas de rações para animais, e, é também utilizado como complemento vitamínico e fornecedor de fibras em alimentos dietéticos e em cereais matinais.

A qualidade do trigo também pode ser definida como o resultado da interação que a cultura sofre no campo, pelo efeito das condições do solo, do clima, da incidência de pragas e doenças, do manejo da cultura, do tipo de cultivares semeadas, bem como nas operações de colheita, de secagem e de armazenamento, de moagem e, por fim, no uso industrial a ser dado à farinha (escolha dos tipos de equipamentos industriais, dos métodos de elaboração dos produtos finais, dos tipos de produtos a serem fabricados, do tempo de prateleira etc.) e que influem sobremaneira na expressão de qualidade industrial, classificando este cereal como de baixa, de média ou de alta qualidade.

Na região Oeste da Bahia, o trigo vem conquistando espaço a cada ano. O cereal é plantado em sistema irrigado com pivô, em rotação com soja, milho e algodão. A cultura entra como importante aliado na quebra de ciclos de pragas e doenças, plantas daninhas e deixa uma boa palhada para o plantio seguinte. Em sequeiro o trigo ainda não teve sucesso em função dos solos arenosos.

A Embrapa trabalha desde a década de 80 com pesquisas na Bahia, conduzindo experimentos com novas variedades e linhagens de trigo, avaliando junto aos produtores em campos experimentais.

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A cultura do Trigo tem se adaptado muito bem à região | Foto: Marca Studio Criativo

O pesquisador Júlio Albrecht, da Embrapa Cerrados (DF), explica que, assim como no Cerrado, a brusone também ataca o trigo baiano, mas com manejos corretos é possível vencer a doença e que as áreas vêm evoluindo. “Na medida em que fomos lançando novas variedades, a área cultivada foi aumentando, sobretudo de 2005 para cá”, diz.

Com potencial de expansão da área plantada para pelo menos 20 mil hectares nos próximos anos com o uso de tecnologias de manejo e de variedades atuais, a triticultura no Oeste da Bahia pode contribuir na busca pela autossuficiência do Brasil no cereal.

Estimativas da Conab apontam que a área plantada com trigo na Bahia neste ano – quase a totalidade na região Oeste – ainda é pequena, de cerca de 3 mil hectares, mas pesquisadores acreditam que possa alcançar rapidamente 20 mil hectares nos próximos anos.

De acordo com o pesquisador Julio Albrecht, da Embrapa Cerrados (DF), que atua com o trigo na região desde meados da década de 1980, com o plantio de ensaios de valor de cultivo e uso (VCU) em áreas de produtores, em relação a qualidade do trigo produzido na região “exigidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), os ensaios de VCU são realizados para comprovar, em condições de cultivo, o valor agronômico de linhagens candidatas a cultivares, segundo normas elaboradas pelo próprio Ministério”.