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Agro

Conquista utilizará água tratada de esgoto para irrigação

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Por: Viviane Cruz

01O desenvolvimento de práticas de reuso de efluentes tratados das Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) da Bahia em benefício da agricultura do Estado, foi o teor do acordo selado nesta quarta-feira (15), entre a Secretaria Estadual da Agricultura (Seagri) e a Embasa, que prevê a utilização de esgoto tratado em diversos municípios do Estado para irrigação. Além dos benefícios econômicos e ambientais gerados pelo aproveitamento da água de reuso, esse material, rico em potássio, nitrogênio e fosfato, pode substituir fertilizantes e pesticidas.

“Este é um projeto que vai marcar a história da irrigação na Bahia. Trabalhamos desde o ano passado e apresentamos à Embasa proposta de um projeto pioneiro para a Bahia, de reaproveitamento da água proveniente da Estação de Tratamento de Esgoto de Vitória da Conquista para irrigação. Depois de várias reuniões, visitas à campo e elaboração do projeto, o presidente da Embasa aceitou o desafio”, ressaltou o secretário da Agricultura, engenheiro agrônomo Eduardo Salles, destacando que, “a Embasa possui aproximadamente 90 estações de tratamento de esgoto no Estado, uma fonte perene de água, que pode ser tratada e destina à irrigação”.

A primeira experiência será desenvolvida no município de Vitória da Conquista, região que tem condição diferenciada e grande potencial agrícola. A proposta é que o projeto seja implantado numa área de 20 hectares, observando-se os resultados com o cultivo de forrageiras e a partir desse projeto piloto essa prática será atrelada às demais ETEs instaladas no Estado. O projeto de sistema de irrigação é uma iniciativa do governo estadual, através da Secretaria da Agricultura (Seagri), em parceria com a Embasa, a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) e a prefeitura de Vitória da Conquista.

O segundo projeto de reuso de efluente tratado será no município de Feira de Santana. “Feira de Santana produz mil litros por segundo de efluentes, podendo irrigar em média mil hectares”, disse Salles.

O presidente da Embasa, Abelardo de Oliveira Filho, pontuou a importância econômica e ambiental da iniciativa, em razão do retorno dos nutrientes, contidos nos esgotos tratados, ao meio ambiente, fechando-se um ciclo e devolvendo à natureza os nutrientes que dela vieram. “Esse é um projeto sustentável, que alia a questão ambiental e o desenvolvimento agrícola, ao invés de devolver os efluentes tratados para os rios, desprezando o potencial deste material que substitui com vantagem os adubos industriais”, disse. O Governo estadual, através da Embasa, inaugurou, no dia 14 de junho, a primeira etapa do Sistema de Esgotamento Sanitário (SES) de Vitória da Conquista. A previsão é ampliar em 100% a cobertura do esgotamento sanitário do município. Nesta fase, mais 274 mil pessoas passaram a contar com o serviço de esgotamento e a cobertura de atendimento na cidade foi ampliada para 85%.

De acordo com o engenheiro sanitarista Virgílio Bandeira, o efluente final, após o tratamento, tem um potencial fertilizante muito grande, pois é água com fósforo, potássio, nitrogênio, entre outros nutrientes diluídos. “Em 2008, iniciamos a plantação de frutas numa área da estação de tratamento de esgoto (ETE) do complexo Iberostar e tivemos bons resultados, que estamos monitorando por meio de análises. Já na ETE de Sauípe, experimentamos a irrigação de grama também com resultados satisfatórios”, explicou.

Salles ressalta que no primeiro momento a ideia é não gerar custos para o produtor rural, desenvolvendo-se projetos de irrigação por gravidade, sem a necessidade de utilização de motor para bombeamento, o que também diminuem os custos de investimento. “A intenção é expandir o modelo de irrigação para outras Estações de Tratamento de Esgoto existentes no Estado. Os gastos com equipamentos e instalação, neste projeto piloto, serão compartilhados entre a Seagri e a Embasa”, disse o secretário.

O projeto de irrigação com modelo israelense demonstra que é possível aliar tecnologia de irrigação de baixo custo, produtividade e sustentabilidade no campo. “Há alguns anos viajei para Israel, quando ainda trabalhava na iniciativa privada, e pude visitar diversos projetos como esse funcionando com muita eficiência. A assinatura deste termo de cooperação técnica é o primeiro passo de muitos que vamos dar adiante, fruto da parceria entre Seagri e Embasa em prol do uso racional da água”.

Atualmente a vazão da ETE de Vitória da Conquista é de 300 litros/segundo, devendo chegar a 600 litros/segundo quando entrar em pleno funcionamento. “Esse volume permite a irrigação de uma área aproximada de 600 hectares, com a vantagem de que cada hectare irrigado produz quatro vezes mais que em cultivos de sequeiro. Esse é um projeto pioneiro de extrema importância para o agricultor familiar da Bahia, que sofre periodicamente com a estiagem. Com esse programa abriremos várias frentes de produção agrícola irrigada no Estado, principalmente na região do semiárido, onde os recursos hídricos são escassos”, explicou o superintendente de Irrigação da Seagri (Sir), Marcello Nunes.

Em Israel, esse sistema de irrigação começou a ser utilizado há quase 30 anos e hoje serve de modelo para a Bahia. Em Tel Aviv, cidade localizada 60 quilômetros a noroeste de Jerusalém, 100% da água residual é reaproveitada. De acordo com a companhia nacional de água de Israel, Mekorot, o sistema de irrigação permitiu “transferir grandes áreas agrícolas do congestionado centro do País para a amplidão do Neguev (deserto que ocupa cerca de 60% do território de Israel)”.

“Temos também o bom exemplo da Cidade do México de que é possível fazer agricultura utilizando água de reuso. Lá, os camponeses passaram a usar efluentes para irrigação, e com o tempo essa água foi infiltrando no solo, abastecendo o lençol freático. Então, os camponeses produziam alimentos e devolviam a água para o abastecimento da Cidade do México, que possui aproximadamente 30 mil habitantes, por meio de poços perfurados”, enfatizou o superintendente de assuntos regulatórios da Embasa, Júlio Mota.

Fonte: Ascom Seagri

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