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Será que maternidade e casamento combinam?
Leda Sangiorgio
Namorar, casar e ter filhos. Essa parece uma trajetória conhecida por muitos casais. Entretanto, a chegada de um filho pode ser um dos maiores desafios de um casal, pois gera mudanças significativas na vida a dois e nem todos se sentem preparados para vivenciar essas transformações.
Prova disso é o resultado de um estudo do Relationship Research Institute, com sede em Seattle, nos Estados Unidos. Segundo a pesquisa, aproximadamente dois terços dos casais relatam queda na qualidade da relação depois de três anos do nascimento do bebê. Após cinco anos, 25% dos casamentos terminam em divórcio.
Segundo Marina Simas de Lima, terapeuta de casais e cofundadora do Instituto do Casal, os problemas surgem devido às idealizações e expectativas em relação ao casamento e ao bebê “perfeito” somado à falta de preparação emocional para essa nova fase do ciclo vital. “Em geral, o casal costuma fazer muitos planos para o nascimento da criança, pensam em todos os detalhes, como decoração do quarto, enxoval, tipo de parto, amamentação. Entretanto, se esquecem de pensar em como esse filho irá impactar na relação a dois e se há estrutura emocional para lidar com as mudanças”, diz Marina.
Filhos X Satisfação conjugal
“Após o nascimento do bebê a rotina muda, pois geralmente o tempo dedicado ao casal diminui, já que a criança vai demandar nos primeiros anos de vida muita atenção. A mulher tende a se sentir mais cansada e focada nos cuidados com o bebê, deixando o parceiro em segundo plano”, diz Marina.
Na pesquisa feita pelo Instituto do Casal, no final de 2016, muitos casais relataram que a chegada dos filhos impactou significativamente na vida sexual. A maior dedicação aos filhos que à vida a dois apareceu em 4º lugar no ranking dos fatores que mais interferem na satisfação conjugal.
Como vivenciar todos os papéis
De acordo com Denise Miranda de Figueiredo, terapeuta de casais e cofundadora do Instituto do Casal, a chegada de um bebê muda a dinâmica do casal. “Depois de um filho surgem novos papéis na dinâmica familiar: o de pai e o de mãe. Mas isso não significa que os outros papéis devem ser deixados de lado. Muito pelo contrário, é necessário aprender a desempenhar de forma equilibrada todos eles. Este é o maior desafio”, comenta Denise.
“A chegada do bebê pode sim gerar um estresse para o casal surgindo novas preocupações e demandas. Nos primeiros meses depois do parto, além de todas as questões emocionais, a mulher precisara se adaptar e se recuperar da gravidez e do parto. O novo cenário, a mudança da rotina, a falta de sono, o acúmulo de tarefas e os hormônios podem alterar o desejo sexual deste casal, sua conexão e intimidade. Por outro lado, o homem pode sentir ciúmes do vínculo da mãe com o bebê e pode até ter a sensação de que essa mulher já não gosta mais dele”, explicam as psicólogas.
“É preciso entender que a maternidade é um processo, uma jornada cheia de desafios. Os primeiros anos podem ser mais difíceis e esse casal precisará de muito diálogo e inteligência emocional para superar as transformações que um filho impõe na vida a dois. Entretanto, criar um filho é um projeto em comum que pode fortalecer o casal, desde que ambos contribuam para que isso dê certo”, diz Denise.
Um único propósito
E por falar em projeto em comum, a pesquisa feita pelo Relationship Research Institute mostrou também o lado bom da maternidade. Isso porque os casais que permaneceram juntos criaram um “propósito em comum”. “Esta é uma habilidade essencial para criar um filho. Casais que compartilharam a vida cotidiana, assim como seus valores, crenças, objetivos e sonhos criam propósitos que podem ser compartilhados. Esses casais têm relacionamentos mais saudáveis, duradouros e satisfatórios”, explica Marina.
As psicólogas afirmam que a cumplicidade, a empatia e a compreensão são essenciais. No entanto, é importante retomar a vida a dois assim que possível. “Ter momentos a sós, sem o bebê, aproxima e conecta o casal. A maternidade é maravilhosa e desafiadora ao mesmo tempo. Por isso, deve ser uma escolha consciente de ambos. Equilibrar todos os papéis é possível, com maturidade, parceria e amor”, concluem.
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